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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Poesia: Um desafio entre Otacílo Batista e Diniz Vitorino


Desafio entre Otacílio Batista* e Diniz Vitorino**

Eu nasci lá no velho Pajeú,
São José do Egito é minha cidade
Comecei com dezessete de idade,
Imitando a voz do uirapuru
Nesta hora canto eu e cantas tu,
que a minha cantiga nada afeta
É preciso ter uma ideia concreta
Que o povo entenda o que é cantoria
E se poeta vencer-me em poesia,
Não direi a ninguém que fui poeta. *

Paraíba do Norte é um estado
Rico de amor, de elegância
Testemunha ocular da minha infância,
Dos meus dias românticos do passado
Onde eu corri muito atrás do gado,
Barbatões, vacas brabas e garrotes
O cavalo suado, a dar pinotes,
Mas, eu que na sela tinha apoio
Abri a garganta e dava aboio
Que abalava os angicos do serrote.
**

Cantador desta sua qualidade
Tenho visto dez, doze numa feira
Maltratando os colegas de primeira
E enganando, iludindo a humanidade
Namorando mocinhas com maldade,
depois fala mal da moça alheia
Esses cabras merecem muita peia
Pra deixarem de ser tão imorais
E eu não a polícia o que é que faz
Que não bota esse cabra na cadeia? *

No momento que eu me aperreio
Dou o peso esquisito do meu braço
Não existe prisão feita de aço
que, com um murro, eu não parta pelo meio
No momento eu acabo com o esteio,
Que alguém pra fazer gasta um ano
Tiro telha, quebro ripa, envergo cano
De metal, de aço bem maciço
E você morre e não faz esse serviço,
Só faz eu porque sou Paraibano.
**

Eu não temo o disparo do canhão
E nem da guerra a cruel calamidade
Não me causa o temor a tempestade,
Nem corisco, nem raio, nem trovão
Não me assombra, também, qualquer leão
E da cobra o veneno fulminante
Não faz medo a tromba do elefante,
Nem do mundo, afinal o seu segredo
E neste mundo o que me tem feito medo
É cantar com um sujeito ignorante. *

Eu já fui no inferno urgentemente,
Entrei pela porta de atrás
E peguei o irmão de satanás
O primo, o sobrinho e um parente,
Pra mostrar-lhe que sou cabra valente
Dei-lhe um tapa no diabo carrancudo,
Peguei outro diabo cabeludo
Dei-lhe tanto que ele ficou calvo,
E se você morrer hoje já esta salvo
Porque o que tinha de diabo eu matei tudo.
**

Este homem, no dia em que nasceu,
Um cachorro ladrou dando sinal
Cem mulheres morreram no hospital
E o sol nas alturas se escondeu
Uma praga de mosca apareceu
O oceano parou o movimento
A lua deixou o firmamento
E foi queixar-se, no final, ao Padre Eterno
E o diabo gritou lá do inferno:
Foi Diniz que nasceu neste momento *

Este homem saiu pra viajar
E por vilas, cidades e aldeias
Viajou um ano com um par de meia,
Sem tirar a miséria pra lavar
No momento que ele foi tirar,
O mau cheiro pegou fazendo efeito
Uma vaca passou perdeu um peito,
Uma cobra com nojo vomitou
Um urubu engoliu e congestou,
Com três horas morreu, não teve jeito.
**

“Versos extraídos do áudio do vídeo de Otacílio Batista e Diniz Vitorino do programa Mpb Especial de 1973 da TV Cultura."

CANTIGAS E CANTOS

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