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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Poesia: Casa velha abandonada >> Um poema de João Batista de Siqueira "Cancão"


Casa velha abandonada

Casa velha abandonada,
Quantos janeiros já tens
É com certeza que vens
De data muito atrasada
Uma parede empenada,
Outra parede pendeu
Numa parte que cedeu
Facilmente um homem passa
Hoje, só tem a carcaça
O resto o tempo abateu

Range toda a cumeeira
Se a brisa dá um açoite
Nas horas mortas da noite
Pousa uma ave agoureira
O resto da noite inteira
Da porta para a janela
É com certeza que ela
Vem de outras regiões
Para causar mais impressões
Ao dono que morreu nela

Deserta moradia antiga
Já foste forte e segura
Hoje só tens, com fartura
Cupim, gorgulho e formiga
No mundo não tem quem a diga
Quantos são os seus escombros
Está servindo de assombros
O teu local esquisito
A superstição tem dito
Que pode haver malassombros

Dias ninguém faz a conta
Quando foste abandonada
De mato toda cercada
A solidão tomou conta
E quando a noite desponta
O teu silêncio é profundo
Ao decorrer de um segundo
Mostras mil assombrações
Cada um dos paredões
Causa medo a todo mundo

Em noites de cerração
Só os bacuraus se cruzam
Uns e outros parafusam
Em volta do casarão
Rasga toda a solidão
Uma noite destoada
Depois uma gargalhada:
São maléficas corujas
Por sobre as paredes sujas
Da casa desabitada


Tuas paredes cinzentas,
Tijolos empoeirados,
Os caibros desajustado
Onde os cupins se alimenta
Pra um recanto apresenta
Um mourão como um vigia
Em uma parte assobia
São frinchas de tuas falhas
Que mil insetos agasalhas
Em noite de ventanias

Ninguém ouve um cenário
Trinar longe ou trinar perto
Tomando o lugar deserto
Mais triste e mais solitário
Ficando mais temerário
Em noites de escuridão
Onde pousas um corujão,
Sacode a pena e gargalha
Após, um rasga-mortalha
Rasga por trás do Oitão

De teu curral acabado
Só restam marcas no chão
Como uma recordação
Do tempo que foi passado
Um paredão declinado
O outro fraco também
Alguém que vai ou que vem
Exclama dentro de si
Dizendo ‘Eu juro que aqui
Nunca residiu ninguém’

Largos tempos se abalaram
Os mesmos te corroeram
Numa parte te abateram
A metade sepultaram
Os cem anos que passaram
Foram como cem panteras
Ou que fossem cem crateras
Que tudo reduzem em nada
Deixando só tua ossada
Mostrando tu como eras

Onde estão teus moradores
Casa velha abandonada?
Só resta em ti conservada
Lembranças de teus senhores
Povoa os teus setores
Profunda imaginação
Sinistra é tua visão
Onde qualquer criatura
Receia, olhando a moldura
De tua sombra no chão

As brisas das noites mortas
Que surgem do cemitério
Te contam sempre um mistério
Nas frinchas de tuas portas
Em tuas paredes tortas
Um grilo trila enfadado
Dentro do emaranhado
De largas teias de aranha
Que como um véu acompanha
Toda extensão do telhado

Talvez ninguém diga o ano
Em que foste construída
Já hoje estás destruída
Que o tempo, sempre tirano
Por um capricho ou engano
Te fez esta ingratidão
Ao transformar-te um montão
Quem passa, sente e decora
O mês, o dia e a hora
De tua destruição.

João Batista de Siqueira (Cancão)











Poema retirado do livro “Palavras ao plenilúnio”
de Lindoaldo Jr.

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