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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A POESIA DE GREG MARINHO


A POESIA DE GREG MARINHO

O nosso canto vem de longas trajetórias
Das caminhadas que antepassados fizeram.
Existe um eco de tudo que compuseram
Qu’inda ressoa enquanto evoco estas histórias.
Constrói-se ao longo de derrotas e de glórias
Tantas conquistas perdas e perseguições .
E desde sempre são presentes as canções
De amor, de guerra, de esperança e de amizade;
Pois era em versos que falavam da saudade
Do que deixaram, a desbravar este rincões.
 
É desta saga de poetas viajantes,
De longas terras, que chegaram no sertão
E já traziam, inserida à tradição,
A poesia improvisada em tons cantantes.
Eles já vinham com a cultura de bem antes,
De ver, no simples, a inspiração e o tema.
Matéria prima de compor tanto poema.
Dessa maneira iam nascendo os versos seus
Dentre esses povos, vêm, da costa, alguns judeus
Que adotaram como mãe a Borborema.
 
Vem junto a isso muita força cultural
Que a região a Borborema faz brotar.
É bem comum vários poetas encontrar,
Que a poesia flui de forma natural.
O nosso Alto Pajeú tem esse astral
Por ser começo da subida dessa serra.
Sugere um tema até um bode quando berra
Que até seu berro soa mais metrificado.
De um simples fato pode um verso ser glosado.
Só sabe disto que é filho desta terra.
 
Nesta ascendência, desde João Nunes da Costa,
Um bom judeu que se amparou lá em Teixeira,
Dá nova fase a essa saga verdadeira
E sustentáculo a toda história que hoje é posta.
Poder saber da nossa gente a gente gosta.
D’antes de nós, tantos artistas violeiros,
Que eram, na arte do improviso, os mais ligeiros
Como Nicandro, Nicodemos e Agostinho.
Jorravam versos nos abraços com o pinho,
Como só fazem repentistas verdadeiros.
 
Desta maneira, há uma leva de artista que faz
Que faz do verso sua guia pro destino.
Leandro Gomes de Barros e Ugolino
Do Sabuji, Francisco das Chagas Batista
Que consagrou-se grandioso cordelista
E desde cedo já sabia a sua sina
Achando pouco se casou com Ugolina
Pra reforçarem-se os laços com esses dois.
Alguns encontros dos quais viemos depois.
Desde esse antes, a poesia nos destina.
 
Depois daquela geração de violeiros
Viram outros menestréis, mestres das rimas.
A geração de Otacílio, Louro e Dimas
Sequenciou Marinho e Pinto do Monteiro.
Toda semente se plantou nesse terreiro
De terra fértil, ainda mais, bem adubada.
Teria, então, que ser assim a nossa estrada,
Feita de um canto, pra chegar a toda parte,
Este caminho e objetivo que é a arte,
A mais constante companheira da jornada.
 
É deste curso que toda essa história vem.
De além mar vieram nossos ancestrais.
E misturaram-se, aqui, com outros mais,
Dando-se os traços que essa nossa gente tem.
Os descendentes desses povos vêm também
Como envolvidos numa espécie de magia.
Por gerações o cantador perduraria
A fazer versos com a mais forte verve sua.
Nesta sequência é que a gente continua
Levando a vida sempre Em Canto e Poesia.
 
Greg Marinho.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Poesia: "Quer ver o que o ébrio faz Não beba, preste atenção", um poema de Antônio Carneiro


"QUER VER O QUE O ÉBRIO FAZ

NÃO BEBA, PRESTE ATENÇÃO"
 
Depois de dez carraspanas
Tendo o sal por tira gosto
Salgando todo o desgosto
Das intempéries mundanas.
Troca o sal pelas chanfanas
Come, bebe e mela a mão
Matando a desilusão
"Resmunga" com o satanás
"Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção".
 
Num balcão de cabaré
Ele encosta e pede uma
Paga, bebe, pisa e ruma
Tropeça no próprio pé.
Nesse ambiente ralé
Arranja uma confusão
Quebra cadeira e balcão
E perde o seu vale gás
"Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção".
 
Com converseiro comprido
Começa a dialogar
Gagueja ao tagarelar
Suado e todo encardido.
Depois que cai dá gemido
Se apoia na própria mão
Levanta e leva empurrão
E cai de novo pra trás
"Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção".
 
Um motorista coitado
Tomou um litro de cana
Se mandou pra Americana
Errando com seu Estado.
Depois voltou ao Cerrado
Foi parar no Jalapão
Segurou na direção
Chegou em Minas Gerais
"Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção".
 
Quem bebe, bebe sabendo
Que beber não tem futuro
Cai de mole e fica duro
E já sai do bar devendo.
Quem continua bebendo
Não junta nenhum tostão
Gasta centavo e milhão
Seu muito nunca é demais
"Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção".
 
Entra dentro da igreja
Conversa com todo santo
Sopra vela e puxa manto
Derruba toda bandeja.
Depois começa a peleja
Discutindo com São João
Promete a Frei Damião
E dialoga com Caifas
"Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção".
 
E tem o bebum valente
Adepto de uma briga
Arruma logo uma intriga
Por ser muito insistente.
Já tem outro diferente
E esse Não briga não
Bebe e chora por paixão
Pois ela não lhe quer mais
"Quer ver o que o ébrio faz
Não beba, preste atenção".
 
Tem também o arrependido
Por ter deixado a mulher
E esse bebe o que vier
Pois vive desiludido.
E depois de ter bebido
Cachaça, Rum, Alcatrão
Cerveja, Vodka e Pancão
Vem os sonhos surreais
"Quer ver o que o ébrio faz
"Não beba, preste atenção"...
 
Glosas: Poeta Antônio Carneiro

Mote: Poeta João Batista de Siqueira(Cancão)      

CANTIGAS E CANTOS 

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Poesia: "Silêncio de paz ", um soneto de Daniel Nunes

 



Silêncio de paz
Quando por vezes ao silêncio entrego
Cada resposta que a boca cala
Sinto a essência que a sabedoria exala
Da sapiência que hoje carrego.
Assim fazendo, muito além enxergo,
Que a matéria não precisa a fala,
Para gritar o que me avassala
No jardim da dor, que com pranto rego.
Feito a muda expressão da natureza,
Prece de morte, pranto da tristeza,
Meu grito de ira, hoje é doçura.
Como a flor de um pântano estagnado,
Sou o silêncio do páramo estrelado
Iluminando, qualquer noite escura.
Daniel Nunes

sábado, 12 de setembro de 2020

Poesia: "Mastigar pão roubado dói no dente, O bom mesmo é comer sabendo o preço", um poema de Antônio Nunes

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Mastigar pão roubado dói no dente
O bom mesmo é comer sabendo o preço

Ser honesto é dever do cidadão
Pra ninguém me acusar de que não presto
Nem ninguém me chamar de desonesto
Eu prefiro sofrer faltando o pão
Agradeço a quem der de coração
E se não derem, me calo e agradeço
Que na vida vivi sem ter tropeço
E não aceito uma queda do batente
Mastigar pão roubado dói no dente
O bom mesmo é comer sabendo o preço


Se inventar de roubar não fico vivo
Que essa herança meu pai não me deixou
E se a porta do bem meu pai mostrou
Eu não vou fechar ela sem motivo
Sempre aberta essa casa é o atrativo
Vivo nela e não mudo o endereço
Foi assim que zelei desde o começo
Pra não ter que deixa-la de repente
Mastigar pão roubado dói no dente
O bom mesmo é comer sabendo o preço.


Ninguém deve mexer no que é alheio
Mesmo sendo demais a precisão
Da ganância não tenho a ilusão
Que esse nome "ladrão" é muito feio
De mamãe eu bebi leite do seio
Quando à vida mamava no começo
E a brancura do leite eu não esqueço
Que foi dela o sabor dessa semente
Mastigar pão roubado dói no dente
O bom mesmo é comer sabendo o preço


Autor: Antônio Nunes
Mote: Val Pimenta.


CANTIGAS E CANTOS

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Poesia: A poesia de Nenen de Santa


Sonhos perdidos .
Em noites escuras
Tantas amarguras
E traumas sem fim
Caminhos distantes
Me levam ao nada
E a paz encantada
Se afastou de mim

Caminho tão só
Na escuridão
Sem riso e sem pão
Me alimento da dor
Perdido vagueio
Em tosco deserto
Um futuro incerto
Sem luz, sem amor

Eu grito tão alto
Nem eu mesmo escuto
E o peso do luto
Me levando ao pó
Uma chama que morre
No nascer da chaga
Uma vida tão vaga
Tristonha e tão só

As tardes sombrias
De ventos amenos
De frios serenos
De ilusão perdida
Esquisitos vales
Negror e açoite
E o monstro da noite
Roubando- me a vida

E já machucado
Por vis sentimentos
Expresso os lançamentos
Por levar pedradas
Mas meus sentimentos
Nunca foram vãos
O coração, nas mãos
E as pernas cansadas

Nenen de Santa

CANTIGAS E CANTOS

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Luto na poesia: Poeta Pedro Bandeira, considerado mestre da cultura do Ceará, morre aos 82 anos

Poeta Pedro Bandeira — Foto: Elizângela Santos

Poeta Pedro Bandeira — Foto: Elizângela Santos

 Ele é autor de centenas de músicas, entre elas a peça “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes.


O poeta Pedro Bandeira, mestre da cultura do Ceará, morreu nesta segunda-feira (24) aos 82 anos. Ele é autor de centenas de músicas, entre elas a peça “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes e é considerada o hino dos romeiros e das romarias em Juazeiro do Norte. A causa da morte não foi divulgada.

O sepultamento acontece nesta terça-feira (25) após uma cerimônia reservada para a família.

O secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, destacou a importância do poeta para a cultura nordestina, ao mesmo tempo em que agradeceu pela contribuição de suas obras.

“Pedro Bandeira não era só o Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste. Ele era um grande arquiteto da literatura popular e da cantoria. Nessa matéria, foi professor e maestro. Seus versos são da grandeza dos grandes poetas clássicos da língua portuguesa. Era um homem culto e extremamente popular. Seus versos lidos, declamados ou cantados estão gravados nos corações do sertão nordestino. Além disso, foi um grande comunicador e difusor da cultura popular. O Nordeste deve muito a esse senhor na construção de nossa identidade e pertencimento como seres nordestinos. Então, gratidão poeta mestre Pedro Bandeira! Siga seu caminho de luz! Salve sua obra e daqui continuamos na nossa peleja. Viva Pedro Bandeira!”, disse.

A Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult) publicou uma nota de pesar onde também lamenta com tristeza a morte do poeta.

"Com muita tristeza e pesar, o Ceará se despede desse grande artista. No coração, suas canções e também um mundo de gratidão por seu imenso legado e obra, por sua grandeza, por sua imensidão. Com pesar, a Secult Ceará agradece sua existência, festeja sua arte, e deseja luz e paz na sua travessia, escreveu em nota.

BIOGRAFIA

Pedro Bandeira, também era conhecido como o “Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste” — Foto: Divulgação/Secretaria da Cultura do Ceará
Pedro Bandeira, também era conhecido como o “Príncipe dos Poetas Populares do Nordeste” — Foto: Divulgação/Secretaria da Cultura do Ceará

Nascido em 1º de maio de 1938, no Sítio Riacho da Boa Vista, no município paraibano de São José de Piranhas, sendo filho de Tobias Pereira de Caldas e da poetisa Maria Bandeira de França. Bem jovem foi morar no Cariri cearense, onde fez fama com sua poesia e cantoria que ecoaram nas quermesses, festivais, rádios e televisões em todo o Nordeste. No ano de 2018, ele recebeu o título de Tesouro Vivo da Cultura pela Secult-CE, reconhecido pelo Governo do Ceará.

Cordelista também atuou como repentista, cantador, escritor, radialista e apresentador de TV. Formado em letras, teologia e direito, versa desde os seis anos. Aos 17, tornou-se profissional.

Pedro Bandeira é de uma família de poetas e é lembrado como uma das pessoas que cantou com mais maestria o sertão. Tinha um conhecimento profundo das coisas da terra e da religiosidade popular. A parceria com o cantador Geraldo Amâncio também é um ponto forte. Na área radiofônica, por sua vez, o início deu-se na Rádio Educadora e a “fama” aconteceu com o programa Viola e Violeiros, no Crato. Como escritor, escreveu também muitos folhetos.

Além de renomado expoente de uma geração de cantadores, Pedro Bandeira veio a destacar-se também na Literatura de Cordel, com mais de uma centena de títulos publicados e ilustrados pelos principais xilógrafos cearenses. Escreveu ainda 14 livros, entre eles “Matuto do Pé Rachado” e “O Sertão e a Viola”.

É neto materno do famoso cantador nordestino Manoel Galdino Bandeira, de quem herdou o talento repentista. Recebeu o título de Tesouro Vivo da Cultura do Ceará, concedido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em 2018 e a Comenda Patativa do Assaré em 2019.

Por G1 CE