Banda sergipana fala sobre novo disco, que deve ter produção recifense
Segundo álbum do grupo deve contar com participação do trompetista pernambucano Márcio Oliveira
Ariel Martini/RecBeat
De uma pegada potente e dançante, fruto da mistura de ritmos como maracatu de Brejão (do povoado de Brejão dos Negros, em Sergipe), taieira, forró e marujada, com valsas, marchas, tangos e músicas eletrônicas, o grupo sergipano Coutto Orchestra foi um dos destaques da edição de 20 anos do festival Rec-Beat, apresentando o repertório do seu primeiro trabalho, Eletro fun farra, na última segunda feira (16). Agora, a banda se prepara para o próximo disco, que deve chegar com ares e sonoridades pernambucanas.
Vocalista da ‘mini-big-band’, Alisson Coutto conta que enxerga a sonoridade produzida pelo grupo – fruto de uma pluralidade que integra folclore, world music e beats – como uma maneira de celebrar e se comunicar com as mais diversas linguagens e povos. “A gente faz música para celebrar essa aldeia global que é o mundo, e já nascemos disso. Nós viemos de uma cidade pequena e que tem muitos elementos culturais. Cada integrante tem uma formação musical muito diferente do outro”, conta.
“Nós defendemos que a mesma sanfona que dialoga com forró, dialoga também com a música balkan, o tango e as marchas. Tem também os elementos eletrônicos, que são tão pulsantes e primitivos quanto o folclore. Eles dialogam muito e promovem um caldeirão, que a gente acredita que faz o bolo da nossa música”, emenda o Alisson.
Sobre o próximo trabalho, que deve ser lançado ainda este ano, ele adianta: vai se chamar Voga, que significa o ritmos das remadas das embarcações nos rios. “Nós pretendemos entrar em uma embarcação e vamos gravar uma parte dentro do Rio São Francisco, no próprio barco. Também vamos parar em pontos estratégicos do rio e coletar elementos das localidades ribeirinhas, para somarmos a essa aldeia global”, revela, explicando que só então devem entrar em estúdio para finalizar o álbum.
Essa segunda etapa do trabalho, como conta Alisson, deve vir com um gostinho recifense bastante forte: boa parte da equipe de produção do disco deve ser da capital pernambucana. “A gente tem uma relação muito forte com o Recife. Foi o primeiro lugar que abriu as portas para a Coutto Orchestra, o que nos permitiu ir pro mundo. Parece que o Nordeste sempre funciona assim: você tem que vir para o Recife que ele joga a gente pro mundo”, pontua, citando uma apresentação do grupo durante o Porto Musical de 2013.
O músico revela ainda uma participação especial que promete dar um tempero a mais em Voga(que deve ser lançado no segundo semestre). O trompetista pernambucano Márcio Oliveira (Dessinée e Sebastião e os Maias), também participa das gravações do álbum: “Nós conhecemos Márcio tocando com a Dessiné, em Olinda, durante um show que fizemos em um casarão, e nos identificamos muito. É um cara que vai entrar no novo disco da Coutto Orchestra. A gente quer dialogar muito com os elementos daqui, vamos produzir o nosso disco aqui e Marcinho é um parceiro. Onde a gente puder levar ele, vamos arrastar. Ele ensina muito pra gente, e a gente sente um feedback muito forte.”
ENCABEÇANDO
Enquanto o novo trabalho da Coutto Orchestra não sai, Márcio já está com um novo trabalho engatilhado: Encabeçando, o seu primeiro álbum solo. O título vem de uma brincadeira com apelido do trompetista, conhecido por “Cabeça” nos bastidores da música pernambucana, aquele que dá os toques sobre o trabalho: “O álbum já está todo gravado, faltando apenas prensar. E deve sair entre o final de março e o começo de abril. Pra isso, estou preparando um show de lançamento bem bacana, já tenho alguns lugares em mente”.
Alef Pontes
JConline
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