
Pode o negro alcançar a liberdade
Eram pretas com brancas sobre os colos
Botar água nas tinas dos monjolos
Domar boi nos serviços mais grosseiros
Empilhar o café nos estaleiros
O produto de mais necessidade
Em passeio ou qualquer atividade
Carregar o patrão na padiola
Só com outro Zumbi ou Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade
Enfrentou quase trinta expedições
Brancos, índios, mulatos com canhões
Perseguindo essa águia no seu ninho
Ferro em brasa, chibata, pelourinho
Já não era cruel realidade
No quilombo existia a irmandade
Sem patrão, capataz e nem argola
Há algemas, correntes e grilhões
O racismo ofendendo a natureza
Entre brancos e negros com certeza
Nunca houve e nem há essa igualdade
Preconceito na atualidade
Tem na fábrica, na rua e na escola
Pode o negro alcançar a liberdade
O regime, o costume e nem a raça
Moçambique, Macau, Rio e Mumbassa
Nova Deli, Moscou, Roma e Guiné
De São Paulo, Chicago e Daomé
Tudo é parte da nossa humanidade
Carne humana é da mesma qualidade
Só com outro Zumbi ou Quilombola
Pode o negro alcançar a liberdade
Sebastião Dias
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