Grupo paulista tem em sua formação o músico mineiro Dedé, autor de faixas do novo álbum

O nome do disco é 'Um samba diferente', mas o som nem é tão diferente asssim. Quer dizer, ganhou uma roupagem mais moderna, mas a essência é a mesma. Há quase 15 anos sem disco de inéditas, o grupo mais antigo em atividade da América Latina – e há quem diga que de todo o mundo –, o Demônios da Garoa, acaba de lançar pela Biscoito Fino um novo álbum. Claro que não poderiam faltar clássicos como Trem das onze, de Adoniran Barbosa, e o próprio 'Um samba diferente', que batiza o CD, mas o foco são as composições mais atuais. “As canções mais antigas ganharam arranjos novos, sem perder aquela coisa jocosa dos Demônios, mas a maior parte são as inéditas. Ano passado, quando celebramos os 70 anos de carreira, ficamos mais centrados nos grandes sucessos e agora a gente se volta para essa novidade”, frisa o músico Sérgio Rosa, integrante mais antigo do quinteto e filho do fundador do Demônios da Garoa, Arnaldo Rosa.
Entre as 14 faixas estão a bela 'Santa Luzia', 'Tema da Copa', uma homenagem ao Mundial do Brasil, e 'Bêbado mineirim', um divertido samba que conta a história de um mineiro de BH que vivia se embriagando pela cidade. Aliás, boa parte das composições são criações do primeiro “demônio” não paulista da história do grupo, o vocalista e violonista belo-horizontino Wilder Paraizo, o Dedé. “Tenho um orgulho danado de estar com esses artistas. Apesar de ser filho de mãe cantora e pai violinista, minha carreira musical praticamente começou em São Paulo, onde moro há 25 anos, mas tenho uma ligação muito forte com Minas. Tenho família aí, acabei me casando com uma mineira que conheci na capital paulista e isso se reflete no meu som e na minha maneira de ser”, comenta Dedé, há uma década no Demônios da Garoa.
Além dele – que já fez músicas para Jair Rodrigues, Sérgio Reis, Zeca Pagodinho e Zezé di Camargo – e de Sérgio Rosa, a atual formação conta com Ricardinho, que é filho de Sérgio, e já é da terceira geração do grupo, que é completado por Canhotinho e Izael.
Um dos detalhes que mais chamam a atenção no disco é sua programação gráfica. A capa conta com várias caixinhas de fósforo, enquanto a contracapa traz o nome das músicas escritas nos palitos. “Achei a ideia muito bacana e isso partiu da gravadora. Tem tudo a ver conosco, com o samba. Aquela coisa de batucar na caixinha”, aprova Sérgio.
Apesar de ainda estarem na estrada com a turnê das sete décadas de trajetória artística, celebradas em 2013, 'Um samba diferente' já é comemorativo dos 71 anos de sucesso. Os shows que vão apresentar o novo álbum ainda não foram marcados e Sérgio Rosa avisa que provavelmente só depois da Copa as apresentações vão ser agendadas.
No entanto, ele diz que além das músicas inéditas é impossível deixar o palco sem o repertório tradicional. “Não tem como não cantar 'Trem das onze', 'Malvina', 'Tiro ao Álvaro', 'Saudosa maloca' e 'Samba do Arnesto', por exemplo. E música boa, agrada a qualquer geração. É muito interessante ver isso nos nossos shows. É uma satisfação ter a presença de gente mais velha e jovens cantando esses clássicos. Até porque, se você não conseguir agradar ao jovem, como vai seguir em frente?”, questiona.
Sérgio acrescenta que está no Demônios desde 1981 e chegou a tocar ao lado do pai, que faleceu em 2000. A ideia, segundo o músico, é que o quinteto consiga um feito único e complete um século de atividade ininterrupta. “A gente sabe que ninguém é eterno e sei que um dia não estarei mais aí. Meu filho Ricardinho já está com a gente; o outro, o Sérgio Júnior, já faz parte da banda de apoio. Vamos tentar levar essa trajetória e toda essa tradição da música paulistana e brasileira por muitos anos, se Deus quiser”, diz o artista.
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