
Da água limpa que bebo
Quando a engulo, percebo
No organismo, o que concebo
Ao sentir-me assim, tão saciado
Mergulhado nas brancuras
Daquelas partículas puras
Se envolvendo com as branduras
De um ser vivo aliviado
Águas revoltas dos mares
Geladas águas polares
Águas de nuvens nos ares
Ou das cacimbas, minadas
Não poluídas, guardam vidas
Com agrotóxicos, são perdidas
Agridem, quando agredidas
Afáveis, quando afagadas
A água da chuva tem
Teores que fazem bem
Se o regato que a retém
Mantiver sua pureza
Não digo a pureza intacta
Posto que ali, está compacta
Não se move; não se jacta
Como o faz na natureza
Mas podem ser resguardadas
Das agressões impetradas
Que as tornam degradadas
Pelos lixões agressivos
Não há volume nem porte
Que suporte o fio do corte
Dos que ali, trocam por morte
Seus ingredientes vivos
E o nosso rio São Francisco
Que aqui, até me arrisco
Dizer: não merece um trisco
Das agressões que recebe
Esgoto, lixo, a imundície
Devasta até nossa crendice
Do fundo à superfície
Como é que isto se concebe?
Os mares, mesmo tão imensos
Vítimas de ataques intensos
Da falta dos nossos sensos
De harmonia e prevenção
Com situações tão críticas
Se não houver novas políticas
Águas serão paralíticas
No mar da poluição
Virgílio Siqueira

VAGA-LUMEAR - Páginas 212/213
Nenhum comentário:
Postar um comentário