A visitação será aberta ao público apenas a partir de sexta-feira
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Módulo 1 será lançado com todas as exposições permanentes. Foto: Fred Jordão/Divulgação |
Entre a assinatura da ordem de serviço para o início das obras do museu Cais do Sertão, em dezembro de 2010, e a inauguração, muita coisa mudou. Anunciado como Cais do Sertão Luiz Gonzaga, o espaço teve o nome do Rei do Baião suprimido. A data inicial de lançamento deveria ter sido o São João de 2012, adiada para o centenário de Luiz Gonzaga (dezembro de 2012), depois para o aniversário de 101 anos dele (2013), 28 de fevereiro deste ano e, enfim, nesta quinta-feira (3), às 20h, quando será lançado o módulo 1, com todas as exposições permanentes. O orçamento pulou de R$ 26 milhões para R$ 97 milhões. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico explicou que o valor previsto não incluía toda a estrutura e tecnologia utilizadas no dois módulos.
Entre relicário sertanejo e conjunção dos artefatos mais modernos em termos de museologia, o Cais do Sertão propõe uma imersão imagética, sonora e audiovisual na cultura pernambucana. O projeto curatorial e a direção de criação é de Isa Grispum Ferraz, pernambucana radicada em São Paulo responsável pela criação de conteúdo do Museu da Língua Portuguesa. “Quando encomendou o projeto, (o ex-presidente) Lula disse que queria ‘maior e mais bacana’ que o Museu da Língua Portuguesa”, comentou.
Gonzagão, embora excluído do título, continua presente em vários espaços, com destaque para As joias da coroa, vitrine com objetos do artista, vídeos e toda a discografia. O módulo 1 é dividido em oito espaços expositivos (Joias da coroa, Mundo do Sertão, Caixa de poesia, Imbalança, Karaokê sertanejo, Baião de todos, Rua do cais e Todo Gonzaga). O módulo 2, chamado de centro cultural e prometido ainda para o fim de 2014, comporta um auditório, salas para oficina, restaurante, café e espaços para ambientação e convivência. As obras estão em andamento.
Logo na entrada, o público se depara com a praça O Joazeiro e a Sombra, com um exemplar da árvore, típica da caatinga, trazido da região. Já o mandacaru é representado em uma escultura. Dentro do museu, além de fotografias, objetos ligados ao cotidiano sertanejo, xilogravuras de J. Borges, arte contemporânea de rua, relíquias, músicas e vídeos produzidos para o museu, há uma preocupação com a interatividade.
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Xilogravuras de J. Borges, no vão Mundo do Sertão, representam cotidiano da região. Foto: Fred Jordão/Divulgação |
A inauguração contará com a presença do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A visitação será aberta ao público apenas a partir de sexta-feira (4). Já a construção pôde ser acompanhada desde janeiro, em grupos guiados. O projeto é do governo estadual, através da Secretaria de Desenvolvimento, com recursos do Ministério da Cultura e Tesouro Nacional e convênios com o Porto do Recife, Porto Digital e Fundação Gilberto Freyre.
Números
7,5 mil m² de área
2 mil m² do Módulo 1
5,5 mil m² do Módulo 2
8 Espaços expositivos
70 m de comprimento tem
o Rio São Francisco
R$ 97 milhões de orçamento
R$ 18 milhões de custo da montagem
R$ 26 milhões foi o orçamento anunciado em 2010
Por dentro...
Mergulho no Sertão
O mundo do Sertão, com 70 metros quadrados, é o vão principal. A sala tenta transportar o visitante para o universo sertanejo. Dividida em sete ambientes - Ocupar, Viver, Trabalhar, Cantar, Criar, Crer e Migrar -, reúne objetos do cotidiano e de trabalho do sertanejo (exposição com cerca de 50 peças), linha do tempo dinâmica, projeções de imagens e sons de artistas e músicos tradicionais nordestinos, artesanato e instrumentos criados pelos artesãos, estações multimídia com retratos, depoimentos de migrantes sertanejos, anônimos e famosos e vídeos produzidos especialmente para o museu. A religiosidade nordestina é dividida em dois mundos: Deus e o diabo a terra do Sol, em alusão ao filme do baiano Glauber Rocha, lançado em 1964.
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As joias da coroa reúne artigos de Luiz Gonzaga (esquerda) e público pode cantar e gravar canções (direita). Foto: Fred Jordão/Divulgação |
Gonzagão
Ao Rei do Baião, são dedicados dois espaço. As joias da coroa é uma vitrine com roupas, chapéus, gibões, perneiras e sanfonas. A discografia completa, informações biográficas e as capas originais estão à disposição na sala Todo Gonzaga. No vão Um mundo do Sertão, roteiros originais do programa No mundo do baião, apresentado por ele e Zé Dantas.
Interatividade
O Cais do Sertão aposta na interatividade. As mais interessantes são o Karaokê sertanejo, que permite aos visitantes virarem cantores e ainda registrar o momento, e Baião de todos, para experimentações musicais. Na sala Imbalança, instrumentos musicais para uso do público. No vão principal, há ainda jogos interativos ligados.
Filmes
A exposição permanente engloba filmes feitos para o museu: A feira (sobre feiras populares), de Kleber Mendonça Filho, Túnel das origens (artistas tradicionais nordestinos), de Carlos Nader, Novos baiões(herdeiros do gênero musical), de Carlos Nader, Lua (Luiz Gonzaga), de Paulo Caldas, Línguas do Sertão(poética sertaneja), de José Miguel Wisnik, Leandro Lima e Gisela Motta, e 4KORDEL, de Lírio Ferreira, uma experiência visual na região. “Vejo como um filme de western. É uma mensagem bonita, respeitosa e ao mesmo tempo dura com a carga histórica do Sertão e do Nordeste”, comenta Kleber.
Serviço:
Museu Cais do Sertão
Onde: Armazém 10 do Porto do Recife (Avenida Alfredo Lisboa, s/n, Bairro do Recife)
Visitação: Quartas-feiras a domingo, das 10h às 17h. Terças-feiras, das 14h às 21h
Ingressos: R$ 8 e R$ 4 (meia)
Diário de Pernambuco
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