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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

MÚSICA / DISCO: O canto de Raul Seixas sem ranço de velhice...

 Filha do cantor, DJ Vivi Seixas, utilizou registros originais da voz de Raul Seixas como base para o seu “Geração da Luz”

A metamorfose cantante chamada Raul Seixas ganha novo fôlego fonográfico: “Geração da Luz”. O disco, assinado pela filha do roqueiro baiano utiliza fonogramas originais das canções, com sua voz a capella, e reveste com a sonoridade da música eletrônica. Um pouco de batidão, brincadeiras com o ritmo das músicas, guitarras distorcidas e muitos recursos de sintetizadores.

Morto em 1989, Raul Seixas dá mostra da força e atualidade de suas canções, remodeladas pela filha

Entre as 10 faixas remixadas, entram sucessos como “Metamorfose Ambulante”, versão cantada em espanhol (ou quase espanhol), “Aluga-se”, de Raul e Cláudio Roberto, “Mosca na Sopa”, e ainda um lado B de Raul, como “Conversa Pra Boi Dormir” e “Super Heróis”, esta última em parceria com Paulo Coelho. O disco, defende a DJ, é uma tentativa de apresentar a obra de Raul Seixas às novas gerações. 

“Ele tá começando agora, eu não quero ranço de coisa de velhice. Eu quero uma coisa nova. Eu quero uma coisa novíssima. Então, vamos fazer a cabeça dos novos, que os velhos já estão fritos”, anuncia a DJ, em gravação na voz de Raul Seixas. O disco traz uma série de falas de Raul, pinçadas de gravações raras do cantor. “Quem me ajudou muito com esse material foi o Sylvio Passos, fundador do primeiro fã clube. Sylvio mexendo nas fitas de rolo, achou algumas gravações. Inclusive a introdução”, contextualiza Vivi, em entrevista ao Diário do Nordeste. E brinca sobre o contexto do trecho, “alí, é ele (Raul Seixas) defendendo a filha dele, pedindo para as pessoas deixarem ela em paz”.

A frase abre a sequência do disco e é repetida inúmeras vezes, ainda mais completa, na introdução da música tema, “Geração da Luz”, parceria com a mãe de Vivi, Kika Seixas, onde Raul reforça: “não é rock’n roll. Eu quero uma coisa novíssima”. Vivi Seixas divide a produção com os Djs e produtores Mike Frugaletti e Plínio Profeta.

Faixas

Para as novas versões, a DJ contou com gravações de teclados, piano, baixos, guitarras e violões, “para dar um quê mais orgânico ao disco”, justifica ela. Entre os músicos convidados, estão o baixista Arnaldo Brandão, o guitarrista Alamo Leal, e Plínio Profeta, que grava piano em “Rock das Aranhas”, também guitarra em “Mosca na Sopa” e “Metamorfose Ambulante”. Os arranjos contam ainda com criações feitas direto no computador e algumas linhas retiradas dos originais.


Em “Metamorfose Ambulante”, primeira do disco, a voz de Raul foi retirada de fonograma da Universal Music onde ele tenta cantar a música em espanhol. Sai uma engraçada mistura. Musicalmente, a releitura mantem o clima do original, ganhando, no entanto, uma batida marcada pelo baixo de Plínio, bateria estourada e ainda um leve sabor de reggae, na parte final. Ficam as segundas vozes e o solo característico. 

“Aluga-se”, tem versão dançante, em roupagem “house”, bem ao estilo do trabalho de Vivi Seixas. Em suas apresentações, a DJ costuma transitar entre as variantes do estilo, como “funky-house”, “tech-house” e “deep-house”. A mesma linha é seguida em “O Carimbador Maluco”, lançada em 1983 como tema infantil no especial Plunct Plact Zum. Esta é uma das que a cantora diz estar tocando nas festas de música eletrônica. 

Escracho

Aos fãs ávidos por conteúdo raro ou mesmo inédito de Raul Seixas, o disco vem recheado de pérolas ditas pelo cantor ao gravador. Além da abertura e do parco espanhol de “Metamorfose Ambulante”, o cantor solta boas como “tá gravando aí 'my' nego?”, ou “não adianta policiamento”.

Em “Rock das Aranhas”, música censurada pela ditadura por evidenciar o sexo, Vivi solta como sample trecho de registro ao vivo em que Raul defende ser o “precursor da aranha”. Segundo contava o roqueiro, a palavra aranha teria entrado no dicionário da censura, onde constavam as palavras proibidas, após o lançamento da música, registrada no disco “Abre-te Sésamo”, de 1980.

O tom escrachado e bem humorado ganha força especialmente nas três últimas faixas do disco, “Só Pra Variar”, “Conversa Pra Boi Dormir” e “Como Vovó Já Dizia”, músicas que são desconstruídas pela DJ, que picota trechos das canções em meio a suas programações. “Como Vovó Já Dizia”, alias, vem em versão censurada, com Raul cantando versos como “Já bebi daquela água, quero agora vomitar / Uma vez a gente aceita, duas tem que reclamar” e “Vim de longe de outra terra pra morder teu calcanhar”.

Vivi Seixas faz releituras das canções do pai, que ganham roupagem de música eletrônica. O disco utilizou fonogramas originais do roqueiro, além de gravações raras pinçadas no acervo pertencente ao fã-clube oficial de Raul Seixas

Os fonogramas, explica, foram colhidos há seis anos, quando ainda iniciava a carreira de DJ. Ao receber, no ano passado, o convide da Warner Music para o tributo. 

“Não fiz um CD para os fãs, fiz para o meu pai”, reage, sobre críticas ao trabalho. Vivi reforça, no entanto, que vem recebendo uma boa resposta do público. Aos futuros fãs, uma boa porta de entrada no universo paralelo que é Raul Seixas. Aos antigos, boa sorte e “cuca” aberta!


FÁBIO MARQUES
REPÓRTER
Diário do Nordeste

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