Em meio a dificuldades estruturais e
à insatisfação causada pela falta de melhores condições de trabalho, a
Orquestra Sinfônica do Recife (OSR), comandada há 13 anos pelo maestro Osman
Gioia, inicia hoje a temporada de 2013. Batizadas de Concertos noturnos,
as apresentações acontecem duas vezes por mês, em quartas-feiras alternadas, no
Teatro de Santa Isabel, às 20h. A entrada é gratuita.
A apresentação de hoje será focada em
obras de Mozart. Na primeira parte, executa-se a abertura da ópera O
rapto do serralho, composição de fins do século dezoito. Em seguida, a
Orquestra executa a peça Sinfonia concertante para violino e viola.
Criação que, segundo Gioia, exige boa dose de virtuosismo dos instrumentistas.
O concerto terá as participações
especiais dos solistas Emmanuel Carvalho, da própria OSR; e do violista
convidado Sávio Santoro, que é professor da Universidade Federal de
Pernambuco.
De acordo com o maestro, esta série é
a mais nobre atividade artística da Orquestra Sinfônica. “É na série Concertos
noturnos que a Orquestra mostra todo o seu potencial, toca no teatro,
seu habitat natural, e com toda a pompa. Para essas apresentações, selecionamos
grandes obras do repertório erudito tradicional: clássico, romântico,
contemporâneo, com composições internacionais e nacionais”. Em quase todos os
concertos deste ano, a Sinfônica convidará solistas e até regentes de outras
orquestras e Estados para tornar as apresentações ainda mais atraentes.
Segundo Osman Gioia, quando foi
convidado a assumir o comando da Orquestra Sinfônica do Recife, na primeira
gestão do prefeito João Paulo, a situação era bem mais problemática do que
atualmente. “Quando entrei aqui, havia quase 20 anos que não se tocavam óperas.
Fizemos balé, gravamos CDs que até ganharam prêmios, como o Sivuca
sinfônico (Biscoito Fino, 2006)”, relembra.
Outro ponto que ele destaca é a
capacidade da Sinfônica em transitar por repertórios clássicos e populares.
Além de compositores como Schubert, Brahms, Bach, Heitor Villa-Lobos, a OSR já
realizou concertos com obras de Luiz Gonzaga, Chico Science & Nação Zumbi,
Beatles e Pink Floyd. “Estamos conseguindo levar o trabalho adiante mesmo com
as dificuldades que temos tido. Espero que melhorem”, ressalta.
Osman diz que vem conversando com a
nova administração da prefeitura a fim de dar jeito nos diversos inconvenientes
pelos quais a OSR tem passado. Entre alguns deles, o regente cita desde
problemas na estrutura física do escritório da orquestra, a falta de
instrumentos e até a falta de melhores condições de trabalho para os
instrumentistas.
“No último concurso que abrimos, em
2002, não conseguimos completar o nosso quadro – que é de 109 vagas. É um dos
maiores (do País), comparado até a Osesp (Orquestra Sinfônica de São Paulo).
Mas, dado o tamanho do Teatro, é até um exagero. Poderia ser um pouco menor,
com 85, 90 músicos. Mas mesmo assim falta gente qualificada”, informa.
A maior carência da Orquestra
Sinfônica do Recife está no naipe de violinos, que precisa de mais 14
instrumentistas. De sopros e percussão, o conjunto está relativamente completo.
O diretor de produção artística da
OSR, Múcio Callou, que está há 16 anos no cargo, reforça as queixas de Osman
Gioia. Ele diz que há cerca de 30 anos não são feitos grandes investimentos na
orquestra.
As remunerações ainda estão aquém do
ideal – o que explica em boa medida a fuga de músicos para outras orquestras e
atividades. “O ideal é que, junto com um novo concurso, fosse implantado um
Plano de Cargos e Salários”. Para Callou, enquanto a primeira providência não
sai, a segunda deveria ser agilizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário