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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Poesia: "Pássaro Rogaciano", um poema de Lucas Rafael em homenagem a Rogaciano Leite


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Foto: Arquivo/CentenarioRogacianoLeite

Pássaro Rogaciano
.
Tu partiste, ó grande vate
Aos quarenta e nove anos,
Levando para os espaços
Teus poéticos desenganos.
Mas tua escrita erudita
Venceu o tempo, é bonita,
Como o céu ao sol se pôr.
Tua obra vasta e humana
É densa - como a savana.
É livre - como um condor.

Como foste também livre
Na conduta e nos papéis.
Do tapete dos palácios
À mesa dos cabarés.
Inveterado boêmio,
Da vida fizeste um grêmio,
Na arte ergueste teus bustos.
Decantaste a liberdade
A favor da humanidade,
Por homens bons e mais justos.

Cristo ainda não desceu
Para nos salvar, Poeta.
E a mesa dos desgraçados
Amanheceu incompleta.
Incompleta de alimentos,
De saúde e mantimentos...
De até um simples pão duro.
E os flagelados disseram
Que até hoje ainda esperam
Por mais justiça e futuro.

A justiça e o futuro,
Que através de penas leves
Suplicaste em tuas rimas:
- “Governantes, sejam breves!
Olhem para os desgraçados,
Cada vez mais humilhados.
Que tragédia humana é esta?”.
Nem eu mesmo sei dar nome...
Mas nos carnavais da fome
Quem não come não faz festa.

Como todo bom boêmio
(Que ninguém aqui os risque),
Embebedaste as palavras
Em teus copos de uísque.
Teu intelecto bravio
Deixou-te forte e sadio,
Como um coqueiral em pé.
Teu cabedal sempre austero
Guardava os versos de Antero,
Cruz e Sousa e Baudelaire.

Pediste, ó vate, desculpas
Aos Poetas premiados,
Mas, no fundo, todos eles,
Apesar de renomados,
Não souberam como a vida
No Sertão é bem vivida,
Depois que a chuva lhe acha.
Nem provaram, no pagode,
Do cuscuz por sobre o bode
Chupando as bordas da graxa.

Ó bardo pajeuzeiro,
Imenso farol altivo,
Teu corpo foi decomposto,
Mas teu espírito está vivo.
Agora estás, sem entraves,
De braços com Castro Alves,
O teu mestre, teu mentor.
Ambos em um mesmo posto:
Da vida - lembrando o gosto
Do mundo - sentindo a dor.

Acorda, Rogaciano!
Ressurge com mais cobiça.
O mundo, cambaleante,
Não vê paz nem tem justiça.
O Ceará te conclama,
Pernambuco ainda te ama.
Não foi terminado o jogo.
Rasga o véu da tua insônia.
Vem olhar para a Amazônia
Se consumindo no fogo.

Por meio do jornalista,
E apurador mais fecundo,
Do Poeta e do boêmio,
Foste um cidadão do mundo.
Como nem tudo assim passa,
Colocaram-te na praça...
Tua imagem se renova.
E o teu nome se compara
A distancia que separa
Moscou de Cacimba Nova.

Do Pajeú tu te foste,
Tornaste um vate inconteste
(Dos afluentes do Norte
Aos carrascais do Nordeste).
Por mais que tenhas andado,
Levaste, eu creio, guardado,
O gosto amargo do umbu.
E em teus garbos colarinhos,
A poeira dos caminhos
Do Vale do Pajeú.
.
Lucas Rafael. 








CANTIGAS E CANTOS

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