Pra falar do Senhor onipotente
Criador da suprema natureza
Fez do céu reino vasto, onde a beleza
Edifica seu magno pedestal
Infinita mansão celestial
Onde Deus empunhou saber profundo
Pra sabermos nas curvas deste mundo
Que Ele impera no trono divinal.
Nos deixar encantados e perplexos
Inundando os céus brancos de reflexos
Como um disco dourado de cristal
Face cálida, altiva, lirial
Inspirando canções tenras de amor
Jovem virgem de corpo sedutor
Bem vestida num “robe” embranquecido
De mãos postas num templo colorido
Escutando os sermões do Criador.
Quando um nasce brilhando, outro se some
Cada astro brilhante tem um nome
Um tamanho, uma forma, brilho e cor
Lacrimosos vertendo resplendor
Como corpos de pérolas enfeitados
Entre tronos de plumas bem sentados
Vigiando as fortunas majestosas
Que Deus guarda nas torres luminosas
Que flutuam nos páramos azulados.
Quando o vento fugaz transtorna as brumas
E as ondas raivosas lançam espumas
Construindo castelos encantados
As sereias se ausentam dos pecados
Que nodoam as almas dos humanos
Tiram notas das cordas dos pianos
Que o bom Deus ocultou nos verdes mares
E gorjeiam gravando seus cantares
Na paisagem abismal dos oceanos.
São os músicos alados das florestas
Num eterno concerto de serestas
Não veem como vão passando os anos
São ingênuos, não sentem desenganos
Pois tem n’alma astúcias de crianças
Galgam beijos das doces brisas mansas
Sugam néctar que a flor solta nas relvas
E se evolam cantando em plenas selvas
A canção virginal das esperanças.
Com as asas peludas e ronceiras
Vão em busca das pétalas das roseiras
Que se deitam no colo das ervanças
Com ferrões aguçados como lanças
Pelo cálix das flores bebem essência
Fazem mel que os mestres da ciência
Com os séculos de estudo não fabricam
Porque livros da terra não publicam
Os segredos reais da providência.
Do que ver uma aranha se bulindo
Com perícia maestra construindo
Alicerces da sua residência
É pequena, tem pouca resistência
Mas trabalha vencendo os empecilhos
Superando carrascos e caudilhos
Que assassinam, devoram, fazem guerra
Mas não cavam sequer barro na terra
Pra fazer um casebre pra seus filhos.
Que os trovões retumbantes me emocionam
São fuzis carregados que detonam
Sem cartuchos, culatras, nem gatilhos
E o relâmpago aceso empresta brilhos
Aos céus negros nas noites tenebrosas
Os coriscos, as tochas luminosas
Que caindo das nuvens carregadas
Se sepultam nas fendas apertadas
Nas entranhas das grutas pedregosas.
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