Suando no seu tempo frio
Contraria a terra e o seu cio,
Mas é firme ao seu tratado.
Veio pra viver escaldado,
Tem no calor a sua sina;
O sol é a sua lamparina,
Mas quando chove ele apaga.
A água em seu corpo é chaga
Depois que a chuva termina.
De magia esclarecida,
Com a sua água na descida
Provocando borbotão.
A cachoeira em convulsão,
Sob a batuta divina,
Rege a mata e lhe ensina
Partitura redentora;
Faz das águas, difusora,
Depois que a chuva termina.
Atingindo a sua teia,
A aranha se aperreia
Sem querer retocar mais.
Bacurau nos carrascais,
Deita o papo na areia fina;
O cavalo baixa a crina,
Sacode a calda, animado.
Sertanejo vai ao roçado,
Depois que a chuva termina.
Nadam eriçando as penas,
Em trajetórias serenas
Por debaixo da garoa.
A garça que sobrevoa,
Em branco que ilumina,
Diz que a seca já termina
Culminada pela paz.
Todo baixio se refaz,
Depois que a chuva termina.
Fotografia: F. Petrônio
São José do Egito – PE, 01 de junho de 2016.
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