Uma junta de bois conduz um carro
Um cachimbo num canto fede a sarro
Na porteira um menino abre a tramela
Do fogão sai um cheiro da panela
E pelo cheiro a comida tem toicim
E quando a tarde caindo chega ao fim
O jantar já faz tempo que tá feito
Os costumes daqui são desse jeito
Que o Sertão já nasceu pra ser assim
Se banhar na beirada da Lagoa
Mel de engenho se for de cana boa
Alfenim se for vivo e bem puxado
Ir pra feira e voltar embriagado
Tirar mel de Cupira num cupim
Sem mistura almoçar achando ruim
E empurrar carro velho com defeito
Os costumes daqui são desse jeito
Que o Sertão já nasceu pra ser assim
Uma telha quebrada no telhado
Um buraco na cerca do roçado
Um pedaço de charque com farinha
No terreiro ciscando uma galinha
Beliscando as sementes de capim
Moer milho não tem coisa mais ruim
Quando o vêio da máquina tem defeito
Os costumes daqui são desse jeito
Que o Sertão já nasceu pra ser assim
Num jumento uma carga de ancureta
Um teiú desafia a cobra preta
No terreiro um moleque joga chimba
Uma cuia enche a lata na cacimba
Um boêmio visita o botequim
Numa jovem um saia de cetim
E o decote da blusa mostra o peito
Os costumes daqui são desse jeito
Que o Sertão já nasceu pra ser assim
Tema: Jandelson Farias
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