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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 30 de abril de 2017

Poesia: "Toda sombra de pau que um boi descansa Deixa um cheiro de pasto mastigado", um poema de João Luis dos Passos Gomes


TODA SOMBRA DE PAU QUE UM BOI DESCANSA
DEIXA UM CHEIRO DE PASTO MASTIGADO.

Na quentura do sol do meio-dia,
Quando a brisa é um sopro benfazejo,
A galinha com sede dá um beijo
Na frieza da água da bacia;
No curral todo o gado principia
A ficar num recanto improvisado;
Com calor, fica tudo ali deitado,
Cada um parecendo uma criança.
Toda sombra de pau que um boi descansa
Deixa um cheiro de pasto mastigado.

Faz a festa algum porco no chiqueiro,
Mastigando o que sobra do almoço;
Um cachorro cutuca no pescoço,
Onde as pulgas fizeram paradeiro;
Passa um gato correndo bem ligeiro,
Perseguindo um calango esverdeado;
O curral fica todo perfumado
Com a baba da boca da rês mansa.
Toda sombra de pau que um boi descansa
Deixa um cheiro de pasto mastigado.

Sopra o vento da tarde um sopro quente
Da garganta esquisita do rochedo;
Um preá pequenino sente medo
Quando vê chegar perto uma serpente;
Se destaca um aroma diferente
No lugar onde passam os pés do gado;
Um jumento lá fora do cercado
Ronca alto, dá coice, pula e dança.
Toda sombra de pau que um boi descansa
Deixa um cheiro de pasto mastigado.

Volta o gado de novo pra cocheira,
Pra buscar mais um pouco de comida,
Quando a sombra da mata é mais comprida
E o sol faz partida na ladeira.
O vaqueiro, com jeito, abre a porteira,
Vendo o touro correndo agoniado;
A mutuca mordendo no costado,
Dando coice e fungando, ele se cansa.
Toda sombra de pau que um boi descansa
Deixa um cheiro de pasto mastigado

Devagar, remoendo o alimento,
Encostado na sombra do arvoredo,
Descobrindo pra gente esse segredo
Da ração que lhe serve de sustento;
Com o rabo fazendo movimento,
Um chicote que Deus deixou pregado,
Espantando os mosquitos do seu lado,
Vez por outra a cabeça se balança.
Toda sombra de pau que um boi descansa
Deixa um cheiro de pasto mastigado.

Um bezerro mamando lá num canto
Dá marrada debaixo da turina;
A novilha com fome inda se inclina
Pra comer mais um pouco o pasto santo.
Outra rês dá um pulo com espanto,
Quando escuta na cerca algum chiado;
As ovelhas, berrando, olham o roçado
Esperando mais tarde encher a pança.
Toda sombra de pau que um boi descansa
Deixa um cheiro de pasto mastigado.

João Luis dos Passos Gomes

Fonte: ANTOLOGIA POÉTICA RETRATOS DO SERTÃO.
MARCOS PASSOS.
FacForm - 2009

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