Manda seu sol se esconder
Vê-se o céu escurecendo
Vem uma nuvem chovendo
Da comporta da usina
Deus manda abrir a turbina
Que a seca tinha fechado
Pro sertão ficar molhado
Depois que a seca termina
Do sertão para o agreste
Dum tecido colorido
A chuva tece um vestido
E o corpo da terra veste
No céu um arco celeste
Fica enfeitando a cortina
Feita de véu e neblina
Que Deus quis dá de presente
Pra janela do poente
Depois que a seca termina
A água tange o basculho
No manso leito do rio
Que se encontrava vazio
Desde meados de julho
Da mata vem o barulho
Do canto da sururina
Que não canta a triste sina
De uma ave viúva
Mas, canta louvando a chuva
Depois que a seca termina
A telha deixa que molhe
A linha, o caibro e a ripa
O "empresário" do pipa
Os carros pipas recolhe
O gado faminto escolhe
O que comer na campina
Nem sequer olha pra tina
Onde só comia palma
O sertão muda de alma
Depois que a seca termina.
A água corre barrenta
Pelos cantos do terreiro
E a copa do marmeleiro
Um verde brilhante ostenta
No nascente se apresenta
Uma torre pequenina
A chuva começa fina
Mas, aos pouquinhos engrossa
Começa a festa na roça
Depois que a seca termina.
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