Porque ele é quem faz tudo que existe”
Alegria, tristeza, desengano,
Esperança, o que vai e o que fica,
O mendigo, a calçada, a pobre rica,
A rendeira, o bordado e até o pano.
O acaso, o destino do cigano,
O guerreiro, a batalha, a espada em riste,
O granito da rocha que resiste
Às ações erosivas do só ser
Só o tempo é quem pode desfazer
Porque ele é quem faz tudo que existe.
O nascer, o morrer, o vir de novo.
O, de novo, de um ovo, fecundar.
A dormida, a insônia, o despertar,
As mazelas e as glórias de um povo.
As veredas do mundo em que me movo,
Os caminhos do mundo ao qual partiste.
A alegria da vinda e a perda triste
E angústia de nunca se saber
Só o tempo é quem pode desfazer
Porque ele é quem faz tudo que existe.
Meus sofreres, meus gozos, meus dilemas,
Frustrações, as vitórias, os embates.
Pela paz, já travados mil combates!
Quantas frases perdidas em seus temas!
A espera do fim dos tais problemas.
O sorriso em meu rosto, que tu viste
A lutar contra a lágrima que insiste
Em viver na morada do prazer
Só o tempo é quem pode desfazer
Porque ele é quem faz tudo que existe.
Tudo, enfim, que existe no universo.
A ferida sangrando, a cicatriz,
Todo drama, o teatro e sua atriz
Vêm protagonizando o seu inverso.
Tanto o bom quanto o homem mais perverso.
O que logo se quebra e o que resiste,
O que já desistiu e o que persiste,
O que há e o que ainda vai nascer
Só o tempo é que pode desfazer
Porque ele é quem faz tudo que existe.
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