Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Poesia: "Os dois coqueiros", um poema de João Batista de Siqueira 'Cancão'

Fotografia de Marluce Sousa

OS DOIS COQUEIROS

Testemunhas seculares
Do outro lado do rio
Rumor das brisas lunares
Nas calmas noites de estio
Foram vigias de feras
Venceram eras e eras
Se tornaram centenários
Os seus bulícios tristonhos
Tinham a doçura dos sonhos
De mil poemas lendários

Com prazeres recebiam
O pequeno rouxinol
Eram os primeiros que viam
A face alegre do sol
Sentiram as mesmas mágoas
Beberam das mesmas águas
Queimados do mesmo pó
Colheram o mesmo sereno
Viveram num só terreno
Nasceram num dia só

Com todo viço aumentaram
As duas plantas vizinhas
Em pouco tempo chegaram
Ao mundo das andorinhas
Neve, chuva e cerração
Frio, sereno e verão
Nada disso os atingiram
Vencedores das idades
Nem as próprias tempestades
Tempo algum lhes aluíram

Nas brisas que perpassavam
Brandas ou mais violentas
Eles os dois conversavam
Numas frases barulhentas
Receberam temporais,
Deslocamentos fatais
Por brusco arrojo dos ventos
Viveram nestes combates
Lutando contra os embates
Da força dos elementos

Assim aqueles coqueiros
Cheios de viço e enganos
Se tornaram dois guerreiros
Foram lutar contra os anos
Um ao outro em homenagem
Nos bafejos da aragem
Estendiam a palha sua
Cada fronde, verde e bela
Conservava uma parcela
Da luz serena da Lua

Suas palhas sussurrantes
Continham graça e beleza
Dois monstruosos gigantes
Criados da Natureza
Desde a fronde às raízes
Todas suas cicatrizes
Foram profundas feridas
Cada marca, uma história
Uma medalha, uma glória
De cem batalhas vencidas

Em certos dias marcados
Choveu torrencialmente
Foram os dois abraçados
Por poderosa corrente
Um rodava, outro pendia
A água se remexia
Numa fúria de dragão
O mais fraco, já vencido,
Num arrojo desmedido
Caiu sem ter salvação

Ficou o outro coqueiro
Em meio à corrente, em pé
Como fosse um guerreiro
Sem esperança e sem fé
Balançava, tremia
Tombava, depois se erguia
Entre o furor do perigo
E a morrer se dispunha
Como a maior testemunha
Da morte do seu amigo

No horroroso fragor
Já se mostrava pendido
Sentiu faltar-lhe o vigor
Foi ficando esmorecido
A água, em borbotão
Fazia revolução
Da superfície à areia
Caiu no mesmo momento
Ao impulso violento
Dos solavancos da cheia

As grandes vagas caudais
Desciam ligeiramente
Sem ter resistência mais
Se lançou sobre a corrente
O aguaceiro o levou
E junto ao outro o deixou
Por um ligeiro desvio
Ficando os dois encostados
Onde estão sepultados
Do outro lado do rio.

João Batista de Siqueira “Cancão”

 Resultado de imagem para poeta cancão
Poema extraído do livro: “Palavras ao plenilúnio” de Lindoaldo Campos

CANTIGAS E CANTOS

Nenhum comentário:

Postar um comentário