Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.
Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.
Texto: Gilberto Lopes
Criador do Blog.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
REPENTE: Ivanildo Vila Nova celebra 50 anos de repente no Santa Isabel
A cantoria de viola será registrada para lançamento em DVD
Ivanildo Vila Nova, meio século de cantoria
Foto: JC Imagem
“Já que existe no Sul esse conceito/que o Nordeste é ruim, seco e ingrato/já que existe a separação de fato/é preciso torná-la de direito/ quando um dia qualquer isso for feito/todos dois vão lucrar imensamente/começando uma vida diferente/de que a gente até hoje tem vivido/ imagine o Brasil ser dividido/e o Nordeste ficar independente”. Gravados por Elba Ramalho, no álbum Do jeito que a gente gosta (1984), os versos de Nordeste independente tornaram-se os mais populares do repentista caruaruense Ivanildo Vilanova, que amanhã grava DVD, celebrando 50 anos de carreira, no Teatro de Santa Isabel, com a participação de alguns dos mais importantes nomes da cantoria de viola da atualidade. Entre os convidados, Sebastião da Silva, Daniel Olímpio, Miro Pereira, Raimundo Caetano, Rogério Menezes, Raulino Silva e Luciano Leonel. Além da cantora Indira e do declamador Iponax Vilanova, filhos de Ivanildo.
Para muitos o maior cantador da atualidade, Ivanildo Vila Nova é o principal responsável pela profissionalização do repente: “Antigamente todo cantador tinha que ter outra profissão. Eram barbeiros, funcionários públicos, marceneiros. Até porque não tinham outras alternativas. Os meios de transportes eram precários, eles moravam longe uns dos outros, para se encontrar era difícil”, afirma Ivanildo. “Também tive outras profissões, mas desde 1974, vivo apenas da viola.”
Ele conta que completou o meio século de cantoria há 2 anos – marca o início da carreira no ano de 1963. Mas, na verdade, começou no repente, em 1957. Seu pai, José Faustino Vilanova (morto em 1968, aos 59 anos), foi um dos grandes do repente, contemporâneo de nomes como Pinto do Monteiro, os irmãos Batista (Dimas, Lourival e Otacílio), José Alves Sobrinho, Rogaciano Leite, Zé Vicente da Paraíba.
Incentivado pelo pai, Ivanildo deu os primeiros passos na viola quando vivia em Caruaru: “O primeiro grande cantador que enfrentei foi ele. Depois, cantei com muitos grandes: Zé Catota, Otacílio Batista. Apenas em 1963 é que passei a cantar para valer mesmo”, diz Ivanildo, que até aquele ano foi militante do Partido Comunista Brasileiro: “Fui do PCB quando a militância era feita por puro idealismo, depois virou profissionalismo. Fiquei no partido até 1963, quando incendiaram a banda do partido em Caruaru, onde eu trabalhava. Não sofri nada no golpe militar, porque fui embora, a conselho do meu pai. Ele previu que a coisa não ia prestar pra mim”.
O golpe foi o mote para ele cair na estrada e, a partir daí, impor o cantador, não como um boêmio que fazia versos por qualquer trocado que se atirasse nos chapéus. Ivanildo foi fazendo com que o estereótipo se afastasse da figurada repentista – entre outras coisas, estabelecendo horários para cantorias, cachês, incentivando e produzindo festivais, como o extinto Festival Nordestino de Cantadores, que chegou a ter etapas no Rio e em São Paulo.
O ex-militante é autor de um mote famoso, fruto da desilusão política: “Não há esquerdista que não mude/quando toma as rédeas do poder”. “Feito o Nordeste independente, estes são versos sempre atuais. O bom cantador faz versos que continuarão a ser lembrados, tem que ter visão futurista da história. Estes da esquerda eram atuais na época de FHC, de Lula e agora”, diz Ivanildo.
O repentista também encara como missão perpetuar a cantoria de viola, incentivando jovens poetas: “A embolada está acabando porque não fizeram sucessores, e não se renovou. Com o cordel foi a mesma coisa. Quem fazia cordel parou de fazer há muito tempo. O que se vê por aí é cordel estilizado, feito por universitários, jornalistas, professores”, avalia. “Porém, basta citar Cego Aderaldo, Patativa do Assaré, Vitalino, e eles descolam, conseguem verbas das prefeituras, enquanto para o repente está cada vez mais difícil. Enquanto os cordelistas de hoje fazem versos sem métricas, sem rima. A cantoria tem sempre renovação. Depois da minha geração, veio a de Rogério Menezes, Raimundo Caetano, seguida pela de Raulino Silva, Luciano Leonel. Hoje já estou cantando com repentista que tem idade pra ser meu neto.”
Campeão de dezenas de festivais, cantor em incontáveis cantorias de pé de parede (geralmente em casas de apologistas, pequenos bares, onde se canta passando o chapéu), no Brasil e no exterior (cantou em Paris, em 2005, no Ano do Brasil na França), Ivanildo Vila Nova, no entanto, não guarda os próprios versos: “Não tem nada em caderno, nem na memória. Pessoas que assistem às cantorias é que anotam. Não faço poesia de gabinete. Todos os versos meus são e improvisos. Mesmo Nordeste independente, que fiz com um mote de Braulio Tavares, é todo improvisado”.
O DVD dos 50 anos será o segundo lançamento oficial de Ivanildo Vila Nova, que diz ter não ter ideia da quantidade de vídeos e discos que levam seu nome, mas não sua autorização: “Até aqui só tenho um DVD, e de qualidade mesmo só oito CDs, o resto é pirataria, não tem como controlar. Não sei quantos já foram lançados sem eu nem saber, de DVD, e de discos. Com as facilidades agora, o MP3, é impossível saber”. O DVD que ele grava amanhã estava previsto para 2013, mas o patrocínio só agora foi aprovado.
Gravação do DVD de Ivanildo Vila Nova – 50 anos de cantoria, hoje, 20h, no Teatro de Santa Isabel, com participações de declamadores e emboladores. Ingressos: R$ 15 e 7,50. Informações: 3355-3323
Nenhum comentário:
Postar um comentário