
Dão adeus ao Bocage do repente,
Um fenômeno de arte, um expoente,
Que de cinco a seis décadas improvisando
Sua voz de trovão saiu rasgando
Modulando a palavra em cada nota
Pra cultura um nocaute, uma derrota,
Um desastre, uma perda, um golpe horrendo,
Enlutado o repente está perdendo
OTACÍLIO BATISTA PATRIOTA.
Que Deus deu de presente a todos nós
Seu baião sonoroso e sua voz
Soam agora no túmulo de Hercílio,
Com certeza a figura de OTACÍLIO
Nesse instante viaja em cada mente
Num cordel de estrelas reluzente
Com seu porte de oficial romano
Qual a John Wayne no Oeste americano
Firme, austero, implacável e surpreendente.
OTACÍLIO passou por toda a prova
Enfrentou Zé Faustino Vilanova,
A caneta estratégica do passado,
Quando Pinto se impôs, foi consagrado,
Duelando com Dimas e Hercílio
A viola era o único utensílio
Que usava no palco esse gigante
Seu revólver era o verso fulminante
Que impunha a grandeza de OTACÍLIO.
As viloas de luto cantam e tremem,
As sextilhas satíricas clamam e gemem,
Os sertões no silêncio nesta hora
Ouvem o povo que angustiado implora,
Que Deus abra o portão do céu divino,
E que São Pedro soluce e toque o sino
Que a terra chorando viu perder
Um brilhante, importante ser,
Condutor do repente nordestino.

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