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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sábado, 16 de agosto de 2014

TEMPORADA: Vladimir Britcha homenageia Campos após espetáculo

Ator apresentou a peça Arte, sexta e sábado, no Santa Isabel

 / Foto: Reprodução

Antes de começar, propriamente, a encenação, Vladimir Britcha e os colegas de elenco caminham pelo palco, checam os elementos, afinam um violão, pedem para que telefones sejam desligados. É clara a intenção de quebrar o distanciamento usual com o público. Com a mesma aproximação, ele se dirigiu à plateia ao final do espetáculo

Arte, exibido sexta e sábado no Teatro de Santa Isabel. “Esta foi uma noite inesquecível. Com a tragédia que se deu sobre Pernambuco e o Brasil, pensamos, mais uma vez, em cancelar o espetáculo. Mas acreditamos que a peça pode ajudar a todos a lavar a alma”, disse ele, no palco localizado a poucos metros do Palácio do Campo das Princesas, onde eram feitos, na sexta, os preparativos para o funeral do ex-governador Eduardo Campos e de seus assessores mortos no desastre da última quarta. “Estou realmente emocionado. Recife é uma cidade muito especial para minha vida”, disse.

No Recife, Britcha, há cerca de uma década, deu início à fase atual da carreira. Foi contratado pela Globo depois de atuar na peça A Máquina, do pernambucano João Falcão. A primeira temporada prevista para Arte, na cidade, foi cancelada em maio com a greve da polícia. A montagem com direção de Emílio de Melo privilegia francamente a dramaturgia da argelina radicada na França Yasmina Reza, um texto afiado sobre intersubjetividades, de como nos definimos e nos moldamos a partir do discurso do outro e de nós mesmos, a força da linguagem que precede e molda a ação.

Os diálogos começam quando um de três inseparáveis amigos usam a arte contemporânea para discutir a amizade. Questionam a relação e suas intersubjetividades quando um deles compra um quadro em branco. As atuações de Marcelo Flores e Claudio Gabriel são sóbrias e bem delineadas.

Vladimir Britcha modera seu gestual cômico televisivo e imprime uma comicidade leve, fluida, com toques de brasilidade ingênua à Mazaroppi ao seu personagem. O público entrou em cumplicidade: pontuou a apresentação de risadas e vários aplausos em cena aberta.
Abaixo, a entrevista que Britcha concedeu ao JC quando quando plabejava trazer Arte ao Recife, em maio:

JC – Você diz que só valeria voltar ao teatro com uma comédia se o riso fosse o meio, e não o fim. Aonde o riso nos leva nesse texto de Yasmina Reza?

VLADIMIR BRITCHA - O riso como meio tá em sintomnia até com a forma com que Yasmina escreve a peças dela. São tragédias cômicas, ou comédias trágicas, ela usa essa dubiedade para contar isso. O riso é provocador, vem através de uma provocação, de uma ironia, é um riso que mais me agrada provocar. A peça tem momentos mais patéticos, dá a chance de o público se identificar com isso. O riso tem o papel desarmar o público, de conseguir chegar com uma provocação, uma mensagem melhor. Quero que o público se reconheça de lá com essa reflexão. A peça fala da amizade, das relações humanas, de respeitar as diferenças na relação de amor entre as pessoas. Isso é muito presente, é um tema muito caro, eu tenho a ambição de que o público carregue isso na vida. Minha mulher (a atriz Adriana Esteves) tinha me sugerido montar a peça. Diz que é uma peça muito comunicativa, que se parece comigo.

JC - Observando teu trabalho na TV, a gente vê que você é um ator, claro, de silêncios, mas é um grande verborrágico, um ator de grande oralidade. Essas são características que te aproximaram do texto?

BRITCHA - Verdade...mas não tinha pensado nisso. Mas, primeiro, me chamou a atenção, porque era uma peça que falava a amizade. Eu tava observando esse boom de comédias no teatro, no stand-up, no cinema, na TV, eu achava que deveria fazer uma comédia com a qual me identificasse. Faço muito humor na TV, mesmo nas novelas, poucas vezes fiz algo que não fosse humor. Eu sempre achei que o teatro fosse um lugar onde pudesse exercitar outro gênero. Mas eu quis fazer uma afirmação do gênero (a comidinha).

JC – Porque você quis produzir? BRITCHA - A inciativa da montagem é minha e do (ator e colega de elenco), Marcelo Flores. Já tinha lido a peça e vi a montagem com Ricardo Dárin, que está há mais de dez anos em cartaz na Argentina. Quis produzir para fazer algo mais autoral, para manter um controle maior sobre tudo. É maior a responsabilidade, mas também a liberdade. JC – O produtor local de vocês disse que já tinha tentado trazer Arte para o Recife e não conseguiu por falta de pauta. Você percebe a existência de uma crise de pautas nos teatros do Brasil?

BRITCHA - Essa viagem não está isolada, a ida ao Recife só foi conseguida com um edital, da BR Distribuidora, ingressos populares, com outras cidades. Desde o ano passado, tentamos organizar essa turnês. Para conseguir viabilizar essas turnês com pautas, a gente levou um ano para conseguir pauta. Vamos também ao Norte. Mesmo assim, em algumas cidades, como Manaus, a gente não conseguiu a pauta no Teatro Amazonas. É preciso manter um ano de antecedência, pelo menos. Isso é exemplo de como somos refém de poucos teatros.
JC – Há, contudo, algum otimismo na área que não se via na década passada, quando muita gente correu para produzir monólogos. O teatro saiu da crise?

BRITCHA - Não, hoje a gente viaja para duas apresentações numa cidade. Poucas são as peças que fazem apresentações nas quintas, as temporadas são cada vez menores. Hoje em dia, a população é muito maior. Mas o interesse das pessoas pelo teatro diminuiu. O que existem, contudo, são pessoas interessadas em fazer teatro. São muitas as companhias. Assim, mesmo quando o mercado não é tão forte, as pessoas insistem em fazer teatro. O teatro não tá tão bem, a crise da pauta é sintomático.

JC - Muitos produtores criticam os mecanismos da Lei Rouanet...mesmo com autorização para captação, acaba ficando com as empresas o papel de decidir o que deve ser montado.. O que pensa a respeito?

BRITCHA - Acho extremamente injusto o mecanismo. Se a gente não tivesse uma lei de incentivo agora, seria pior. Mas o formato tem que ser repensado. Depois de três anos, tô conseguindo essa circulação pelo Nordeste. Eu e o Marcelo somos de Salvador e queríamos muito viajar pela região. No geral, as grandes empresas ainda não se interessam em investir na viagem dos espetáculos para o Nordeste ou para o Norte. Desconfio que, se eu não fosse um ator conhecido pela TV, ou se não fosse uma comédia, teria mais dificuldade ainda de conseguir viabilizar. O próprio Ministério da Cultura, em vez de criar uma forma mais democrática de decidir o que vai ser montado, terceiriza essa possibilidade. Poucas são as empresas que tem um interesse social e cultural concreto. A empresa acha que a peça é uma ação de marketing, e, como empresa, ela não está errada em pensar. Quando mais gente vir a sua comédia, melhor. Por isso, os ingressos populares. Deixamos de promover uma série de produtos que não chegam a ser produzidos. Na Europa, acho que na Dinamarca, é a companhia que escolhe a empresa que vai patrocinar seu espetáculo. Quer dizer, o empresário já te o benefício da renúncia fiscal. Então, ele deveria ser escolhido pela empresa. De fato, eu concordo que é injusto.

JC – Desde A máquina, de João Falcão, há mais de dez anos, você não atua num espetáculo no Recife...

BRITCHA - Voltei outras vezes ao Recife, mas não com peça. Foi e é muito bom voltar à cidade. A temporada de A máquina (de João Falcão) que começou no Recife mudou de vez a vida da gente. Minha, de Wagner Moura, de Lazinho (Lázaro Ramos), de Karina (Falcão), de Gustavo (Falcão). A cena teatral do Recife é muito parecida com a de Salvador. As pessoas produzem com maturidade, mas com muitos esforços. Quando moramos aí, tive a oportunidade de ver uma Recife culturalmente muito rica, coisa que eu desconhecia morando em Salvador. E o cinema feito em Pernambuco hoje é uma referência obrigatória para todos nós.


Bruno Albertim

JCOonline

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