E olho nos olhos do meu pai
(Vejo-o triste na tela
Com olhar de terna inquietude)
Prefiro mergulhar e voar, então, naquele universo
Onde o silêncio pesponteia o destino
Com linhas invisíveis
E pela vida com seus truques e tramas
Em sua fortaleza de couros e enigmas
Do martelo no pé-de-ferro
Poria suaves sandálias em meus pés cansados?
Poderia ele emprestar-me suas asas de anjo artesão?
A lamparina que lhe acendera, à noite, os olhos em seu ofício?
Quero sair de dentro do estigma que me ilude com palavras
Que não me põem alavancas nas mãos
Que não me movem
Quando eu sinto e sei
Que os meus pés reclamam por alpercatas e botinas
Que sejam asas firmes
Que me façam caminhar, sem medo, rumo ao nunca
E ele, silente, me diz: Se você ficar, estarei sempre aqui
Se seguir, irei também – aonde você for
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