Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

MÚSICA: Ney Matogroso > À prova do tempo

Ney Matogrosso volta a Fortaleza com "Atento aos Sinais". Baseado no álbum mais recente do cantor, o show traz à cena o lado mais extravagante do artista

Ney Matogrosso
 Já se vão quatro décadas desde que Ney Matogrosso mostrou sua cara, rebolado e voz, à frente dos Secos & Molhados. O grupo teve existência efêmera - num intervalo de pouco mais de um ano lançaram dois álbuns e se tornaram o mais rápido sucesso do mercado fonográfico brasileiro até então -, mas sua imagem permanece firme no imaginário de quem testemunhou o fenômeno à época. Depois do Secos, não se espera de seu cantor outra coisa senão grandes performances vocais e de palco, em movimentos sociais e ousados, um bailar andrógino a seduzir homens e mulheres.
Mas Ney Matogrosso, há muito, mostrou que não era um artista de um espetáculo só - ainda que esse espetáculo fosse do tamanho do Secos & Molhados. Nos palcos, é difícil encontrar outro artista brasileiro com uma performance tão intensa e uma produção tão caprichada. Tampouco se encontra tantos de sua geração dispostos a arriscar, a trazer o novo para a cena. Ney inventa hits para cada turnê. A mais recente delas, "Atento aos Sinais", passa amanhã por Fortaleza. A apresentação do cantor acontece no Siará Hall, às 23 horas.
O duplo
Desde o começo dos anos 80, o intérprete tem explorado, alternadamente, duas estéticas nos palcos. Uma é de cara lavada. Era uma resposta - que deixou de ser necessária - àqueles que não viam nele um grande cantor, como se seu talento pudesse ser desmontado junto com o figurino. A última passagem pelo Ceará seguiu esse padrão. Em agosto de 2010, o mesmo Siará Hall recebeu um Ney Matogrosso (quase) bem comportado, de terno branco, acompanhado de piano, violão, violoncelo, bandolim e pandeiro.
O outro é o inverso perfeito deste com cara de bom moço. Em "Atento aos Sinais", Ney evoca sua persona mais provocante - que prevaleceu nos anos 70 e chegou ao século XXI em alto nível, com o disco e turnê "Inclassificáveis" (que passou duas vezes, em um mesmo ano, pela capital cearense). As origens do trabalho remontam ao tempo de Secos & Molhados, mas ele não pode ser entendido como simples continuidade. É o Ney mais lembrado do público, de peito nu, figurino extravagante e movimentos sensuais. E é um show à parte ver um artista de 72 anos de idade com disposição e competência para dar conta de uma proposta como essa.
O repertório também toma outra direção, seguindo uma linha mais dançante. Nos dois últimos álbuns desse gênero, "Inclassificáveis" (2008) e "Atento aos Sinais" (2013), o cantor chegou a investir no rock como uma espécie de eixo estético para os discos. O primeiro era mais cru e pesado, conduzido por uma formação baseada em baixo, bateria e guitarra. O mais recente, que será apresentado ao vivo, amanhã, tem uma sonoridade mais exuberante. Os metais pontuam todo o repertório e as guitarras são menos incisivas.
O show promete seguir o roteiro do disco. E não lhe faltam grandes momentos. É o caso da sequência de abertura, com dois rocks dançantes - "Rua Da Passagem (Trânsito)", uma crítica à barbárie motorizada das grandes cidades, composta por Arnaldo Antunes e Lenine; e "Incêndio", que evoca a turbulência e a insatisfação nas ruas. A canção de Pedro Luís - parceiro recorrente de Ney - havia sido gravada antes dos protestos de junho de 2013 e parece tê-los antecipado em seu vigor.
O samba aparece, ora em expressão mais tradicional - "Oração", de Dani Black, da qual vem o verso "atento aos sinais" -, ora num flerte com uma imprecisa sonoridade contemporânea - a bela "Roendo as Unhas", da lavra de Paulinho da Viola.
O tom mais explosivo do show é equilibrado por baladas como "Noite Torta". Escrita por Itamar Assumpção, é uma música atmosférica, de ar jazzístico, conduzido pelo piano e a bateria. O compositor é o único a figurar duas vezes no setlist. Ele reaparece com outra canção lenta, mas cheia de suingue - "Isso não vai ficar assim". A música já havia sido interpretada pelo cantor, em um dueto com Zélia Duncan, no disco que a artista gravou em homenagem ao compositor da Vanguarda Paulista. Tamanha foi a identificação com a canção que Ney pediu permissão a Zélia para recriá-la em seu próprio show.
"A ilusão da casa" (de Vitor Ramil) é, possivelmente, a mais bonita das novas baladas de Ney, conduzida ao piano e ao pandeiro. Nela, ele canta "o tempo é a minha casa". Talvez, por isso, sinta-se tão bem e faça dele o que bem entende.
Mais informações:
"Atento aos Sinais", show do cantor Ney Matogrosso. Amanhã, às 23 horas, no Siará Hall. Ingressos: preços entre R$ 60 e R$ 200, à venda no site bilheteriavirtual.Com. Contatos: (85) 3046.3947 e 3278.8400

Dellano Rios
Editor

Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário