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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Histórias do Cangaço: Brincadeira de Homem

no tempo de lampião-

BRINCADEIRA DE HOMEM

Antônio Silvino fazia-se respeitado de seus satélites. Disciplinava-os. Sabia assegurar a conveniente distância que deve existir entre comandante e comandados. Jamais permitiu atrocidades que não houvesse, em pessoa, determinado.
Chegara ele com a sua récua a uma fazenda. À hora do improvisado almoço, um cabra, o Tempestade, deu-se ao luxo de reclamar:
- Ô arroz insosso de todos os diabos!
Um relâmpago de cólera fulgiu nos olhos de Silvino, que, findo o repasto, foi falar à mulher do fazendeiro:
- Dona, a senhora tem sal em casa?
- Tenho, seu Capitão. Eu vi aquele homem não gostar… Vossenhoria me discurpe, me perdoe o arroz sair insosso: foi coisa do avexame, do aperreio do perparo…
- Nhóra não, não é por isso, não: eu quero saber se a senhora me pode vender meio litro de seu sal.
- Posso lhe ceder; vender não. O Capitão leve o sal, que não lhe custa nada e é dado de gosto!
- Nhóra não, não é pra carregar, não. É um ensinamento que eu quero dar naquele cabrocha, que falou do arroz. Me vá ver meio litro, por bondade!
Atendido, Silvino pediu uma bacia, derramou dentro o sal, dissolveu com uma porção de água e, voltando ao terreiro, onde o Tempestade esgravatava a dentuça, obrigou-o, de punhal à mão, a beber toda aquela água, horrivelmente salgada:
- Isso é pra você, seu bruto, perder o costume de botar defeito no que lhe dão, de graça! Engula! Ou engole, ou morre! Comeu insosso, beba salgado, que é pra carga não ficar torta… Cabra sem criação!
Daí a pouco o Tempestade padecia sob a ação do purgante mais que enérgico…
Lampião aparceira-se com os miseráveis a quem capitaneia. Troca insultos e graçolas com eles. Falta-lhe o espírito autoritário de Silvino. Apenas na hora dos combates, é cegamente obedecido: todos crêem na sua invicta estratégia de guerreiro caboclo.
Antônio Ferreira, irmão de Virgolino, também se acamaradava em excesso com os restantes componentes do bando. Um dia, Lampião mandou que o mano e mais quatro homens fossem à casa dum seu protetor e esperou no mato que regressassem. No alpendre da casa em questão, havia uma rede armada. Os cinco bandidos, empurrando-se violentamente, disputavam o gozo de alguns momentos na tipóia. Nesse ruge-ruge de encontrões, um fuzil cai ao solo e dispara, prostrando morto Antônio Ferreira, atingido pelo tiro no mamilo esquerdo.
Compungidos, os quatro criminosos voltaram imediatamente à presença de Virgolino. Conduziram o cadáver e narraram a casualidade da fatal ocorrência. Lampião ouviu-os, silencioso. A cabroeira, solidária com o chefe, censura os recém-vindos, lembrando que por via duma dessas é que o povo diz que brincadeira de home cheira a defunto… Sabino Gomes, mais perverso, insinua que a história está mal contada…
Lampião decide: não quer mais a companhia dos autores da vadiação em que morreu o Antônho. Expulsa-os do bando. O armamento, porém, era seu, dele. Exige imediata restituição. E apenas os quatro se haviam despojado das armas, Lampião, auxiliado por Sabino, os liquida a tiros e facadas.

Do livro “No Tempo de Lampião”, de Leonardo Mota

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