
Ao mirar vago
E aos projetos vãos
Acostumei-me à palidez das perdas
E à inconsistência do talvez
Posta à luz do nunca
E, mesmo farto de incertezas e rebotalhos
E das migalhas do pão bolorento
Posto à mesa, qual fome
Ainda assim, prossigo
Todo dia sorvo a tirania das horas ocas
Onde tracejo desenhos inúteis
Em projetos de vento
(Palavras nunca flamejam quais lâminas)
Então, na hora do embate
Não tem serventia qualquer pronúncia
Como não se engrandece, ante o universo medíocre
Qualquer renúncia
O grotesco talvez seja a senha
Bruteza a chave
Estupidez a alavanca
Insensatez o que abre portas
Move e revolve o mundo dos hipócritas
O desenho se traceja na delicadeza das concepções
Mas são os brutos que erguem os muros
A soberba dos arranha-céus
(Que se impõem)
E vetam as luzes
E os encantos dos horizontes
Virgílio Siqueira

Nenhum comentário:
Postar um comentário