Guitarrista, cantor,
produtor musical fala do processo de produção e conta como surgiram algumas
músicas
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Chrystian Lima é sobrinho de Michael Sulivan, um dos maiores compositores do país |
Michael
Sullivan é tio de Chrystian Lima. Além do parentesco, o que une os
pernambucanos aqui é um outro detalhe. Os dois são compositores. De sucessos.
Sullivan é uma das maiores referências no cenário nacional. Carrega nas costas
a marca de mais de 1,4 mil músicas. Escreveu para Tim Maia, compôs para Xuxa. O
sobrinho, Chrystian, é mais modesto. Bateu as 540 faixas há pouco. Engatinha
frente à experiência daquele que tem como ídolo. Mas surpreende.
É guitarrista, cantor, produtor musical e uma fábrica de hits. O leitor,
certamente, não o reconheceria nas ruas. Ele prefere assim. Preteriu a fama em
nome da privacidade. Em um dado momento, até ensaiou se lançar no mercado, mas
recuou. Escolheu a tranquilidade do estúdio, onde produz sucesso para os outros.
Em larga escala. É de 1996 a sua primeira gravação. A banda Feijão com Arroz
tomou emprestada Em algum lugar. Em seguida, veio aquela que seria a obra de
destaque, Cobertor. A faixa passou pela banda de forró recifense Aveloz antes
de chegar aos microfones da Calcinha Preta. Com o Araketu, estourou.
A
história da letra é curiosa. Chrystian tinha uma namorada, com a qual se
desentendeu prestes a fazer uma viagem a trabalho. Quando retornou ao Recife,
ela tinha partido, sem dar explicações. Depois, ligou e pediu para voltar. Ele
respondeu cantando: “Que pena o meu coração não é mais meu/ mesmo que fosse,
nunca mais seria seu/ você se foi nem quis saber se estava frio/ eu achei
cobertor/ que me deu tanto amor/ e que nunca deixa o frio tomar conta de mim”.
Daí em diante, emendou várias letras. No sertanejo, colocou Leilão na boca de
César Menotti e Fabiano e Pirraça nas vozes de Jorge e Mateus. Mas foi no forró
onde encontrou conforto. É produtor da Calcinha Preta, para quem dedicou
Mágica.
Sonhou
com Luz, câmera e ação, música fácil no repertório da Limão com Mel. “Acordei,
lembrei e gravei. Veio inteirinha”, conta o compositor. Nesse meio tempo, foi
arrematado pelo brega. Uma das participações do DVD milionário da Kitara,
gravado no Chevrolet Hall, o pernambucano recebeu do vocalista Rodrigo Mell o
título de “um dos maiores compositores do país”. É do produtor musical boa
parte dos hits do grupo. Escreveu Você me ama, Não disfarce e o maior hit da
banda, A casa caiu. A última é para um amigo que mantinha duas namoradas e
acabou descoberto.
Sullivan, nome artístico de Ivanilton de Souza Lima, fez um caminho diferente.
Por aqui, ficou só até se tornar cantor. Saiu do Recife para o Rio de Janeiro
ainda aos 17 anos. Antes, compôs My life, música que vendeu mais de um milhão
de cópias de um compacto. “Foi quando me descobri compositor”, lembra. Tim Maia
foi um dos tutores do músico. Ensinou o rapaz a tocar violão e apresentou-lhe a
música black. Sullivan retribuiu (na parceria com Paulo Massadas) com Me dê
motivo, Leva e Um dia de domingo. Em 1984, dedicou a primeira das crias ao
público infantil, É de chocolate (Trem da Alegria). As encomendas não pararam.
Roberto Carlos, Roupa Nova, Sandra de Sá, Alcione, Babado Novo, Angélica, KLB.
Todos cantaram as letras do compositor.
“Os
caminhos para me pedir uma música são vários. Ou o próprio artista me liga, às
vezes o empresário ou a editora”, explica. “Naturalmente, pego o violão e a
música vem.” Talismã, gravada por Leandro e Leonardo, foi fruto de um pedido de
um radialista. A canção, um dos clássicos da música sertaneja, foi produzida
entre às 5h e 6h. Com Deslize, sucesso na voz de Fagner, foi ainda mais fácil.
O pernambucano já acordou cantando. A facilicidade para escrever é um dom de
família. Chystian presenteou o amigo Chimbinha, da Calypso, com Como uma
virgem. Para Aviões do Forró, mandou Agora é com você. Neste momento,
deve estar compondo outra. Talvez para o mercado gospel, onde quer investir.
“Eu não paro. Acordado, dormindo, pode surgir algo a qualquer momento”, avisa.
No menor insight, os parceiros se resumem ao celular e o inseparável violão.
Camila Souza
DP
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