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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Elomar Figueira Mello: Show >> Eremita cantador

De hoje a domingo, na Caixa Cultural, o cantador e tangedor de bodes Elomar revisita seu cancioneiro


Da fazenda Casa dos Carneiros, no sertão baiano, Elomar Figueira Mello só sai em raras e preciosas ocasiões. A última vez que esteve em Fortaleza foi na década de 1990. "Quando menos espero, entra no palco, baixinho com chapéu, óculos escuros, uma figura estranha para mim, porém um nome bastante conhecido. Já entrou me saudando num "martelo". E pelo espanto, no momento, não me ative de guardar na tábula plerona. Era Patativa do Assaré", lembrou o artista sobre o show, que aconteceu no Theatro José de Alencar. A conversa foi mediada pela jornalista e produtora Rossane Nascimento. Elomar não dá entrevistas.

Tangedor de bodes, de violas, com o toques violão clássico aliado à tradição secular dos cantadores nordestinos, Elomar é um dos pilares da musicalidade da região: infância entre a morada em fazendas e os estudos na cidade grande


A ocasião que o traz de volta é o espetáculo "Cancioneiro", apresentado ao lado do filho, o maestro, violonista e violoncelista João Omar. Com eles, compondo o septeto, estarão também o quarteto de violões formado por Maurício Ribeiro, Hudson Lacerda, Avelar Júnior, Kristoff Silva e a cantora Letícia Bertelli. De hoje a domingo, eles se debruçam sobre o repertório de cantorias do velho trovador - ao todo são mais de 200 composições gravadas, 49 delas devidamente partituradas e incluídas em livro homônimo ao espetáculo. A tarefa da escrita musical ficou a cargo dos próprios músicos que o acompanham nos show.

O show, hoje e amanhã, às 20 horas, e domingo, às 19 horas, ainda tem ingressos à venda. No palco da Caixa Cultural, eles apresentam alguns dos temas mais representativos do cancioneiro de Elomar, como "O violeiro", música que abria seu primeiro compacto, em 1968, e que estaria também no LP que o apresentou ao público, "Das Barrancas do Rio Gavião", 1972. Do LP de estreia, completamente rearranjadas para o septeto, estão também "O Pidido" e "Cantiga de Amigo", tida como uma das obras primas do violeiro.

"Sete candeeiros iluminam a sala de amor, sete violas em clamores, sete cantadores, são sete tiranas de amor para a amiga". O trecho de "Cantiga de Amigo" falava das cantorias de sua fazenda, e é talvez uma pintura antecipada das violas que compõem o espetáculo.

Do encontro com Patativa do Assaré em Fortaleza, apesar de não lembrar o martelo declamado, Elomar não esquece a conversa no palco: "eu disse, ´Patativa, de lá de casa, nunca imaginei que você soubesse que eu existo´. Ele, então, retrucou na hora, ´Égua! E eu que não queria morrer sem te conhecer, Elomar. Um outro também amigo meu, cantador me disse que antes de morrer ainda haveria de te conhecer, pessoalmente´. ´Quem?´, e ele respondeu, ´O Cego Oliveira´. Eu quase caí do tabuado do palco".


Legado

Tangedor de bodes, de violas, com o toques violão clássico aliado à tradição secular dos cantadores nordestinos, é um dos pilares da musicalidade da região. O "príncipe do sertão", como o chamou certa vez Vinicius de Morais.

A contar do primeiro LP, são 41 anos de carreira, 15 discos lançados e um farto material ainda inédito. Elomar assina com Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo os discos "Cantoria" 1 e 2, preciosa série do cancioneiro nordestino. Entre as curiosidades biográficas que explicam sua forte ligação com esta raízes, consta que ele é descendente direto do bandeirante João Gonçalves da Costa, fundador do arraial que deu origem à cidade de Vitória da Conquista.

Carreira

Morador da Casa dos Carneiros desde 1980 - silencioso refúgio localizado a 20 km de Vitória da Conquista, na divisa com Minas Gerais - é de lá que ele retira a inspiração e o sossego necessário para compor. Um exercício cotidiano daquilo que canta. A década de 1980, aliás, foi quando produziu alguns de seu principais discos, como o sinfônico "Fantasia Leiga para um Rio Seco" (1981), a ópera "O Auto da Catingueira" (1983), e a série "Cantoria". Já demonstrava sua inclinação para dar uma cara mais elaborada à musicalidade nordestina.

Nascido em dezembro de 1937, Elomar Figueira Mello dividiu a infância entre a morada em fazendas da região e os estudos na cidade. Durante breve passagem por Salvador, ele graduou-se em arquitetura e teve suas primeiras noções de violão clássico.

"Meu pai tem um estilo com características da música erudita. Definições em acompanhamentos, linhas de canto que se assemelham a essa prática da música culta", ilustra o maestro João Omar. Junto com o pai, na última década, ele se dedica a dar corpo à cerca de dez óperas do compositor. Quatro delas já estão finalizadas e orquestradas - "O Auto da Catingueira", "A carta", "O retirante", "O peão montador". Todas no, entanto, inéditas no palco. Quem sabe, seja este o motivo de uma próxima visita ao TJA.

Mais informação

Elomar apresenta o show "Cancioneiro". Hoje e amanhã, às 20h, e domingo, às 19 h, na Caixa Cultural (Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema).
Contato: (85) 3453.2770



FÁBIO MARQUES
REPÓRTER

Diário do Nordeste
 

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