Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.
Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.
Texto: Gilberto Lopes
Criador do Blog.
sábado, 2 de março de 2013
Música: Zé do Norte - Poeta Folclorista Paraibano.
Alfredo Ricardo do Nascimento nasceu em Cajazeiras (PB), em 18 de
dezembro de 1908. Era cantor, compositor, poeta, folclorista e escritor, mas
antes de desenvolver tantas atividades intelectuais, pegou no pesado. Trabalhou
desde os nove anos na enxada, no sertão do Estado. Depois foi apanhador de
algodão e tropeiro. Sempre cantou, mas não imaginava que isso iria tornar-se
uma atividade profissional.
Em 1921, foi para Fortaleza, alistou-se no Exército e acabou indo servir
no Rio de Janeiro, morando, mais tarde, próximo ao morro de Mangueira.
Convidado por Joracy Camargo, atuou no show Aldeia Portuguesa, obtendo grande
sucesso com uma embolada de sua autoria.
Acabou sendo levado para a Rádio Tupi onde cantou adotando o pseudônimo
de Zé do Norte, em 1940. No ano seguinte, foi para a Rádio Transmissora
Brasileira (atual Rádio Globo) e participou de programas, como Desligue, Faz
Favor e Hora Sertaneja. Passou depois para as rádios Fluminense, Clube do
Brasil, Guanabara (onde teve como sanfoneiro um iniciante João Donato) e Tamoio
– nessa última, atuando como animador, organizador, cantor e declamador.
Zé do Norte publicou o livro Brasil Sertanejo em 1948 e, cinco anos
depois, atuou como consultor do linguajar nortista e compositor num clássico do
cinema brasileiro. Sua música Mulher Rendeira ficou mundialmente conhecida após
ser incluída na trilha sonora do referido filme. "Olê muié rendera, olê muié
rendá. Tu me ensina a fazê renda, que eu te ensino a namorá". Quem nunca
cantarolou essa me3lodia? Ela é atribuída a personalidade de Virgulino
Ferreira, "o Lampião", no filme "O Cangaceiro", de Lima
Barreto, de 1953, que foi considerado o melhor filme de aventura do Festival de
Cannes daquele ano.
Mesmo nordestina, a música de Zé do Norte é tão enraizada no imaginário
coletivo, que a maioria das pessoas interpreta "Mulher Rendeira",
como herança folclórica, de domínio público e autor desconhecido. A trilha do
filme, que tem parte das músicas de outros autores, em muito contribuiu para
tornar a música de Zé conhecida em todo mundo, já que, na época, a obra foi
assistida em mais de 80 países e por quase 50 milhões de expectadores.
Entre as suas mais de 100 composições, a segunda mais famosa é
"Sodade Meu Bem, Sodade" (1953), gravada pela primeira vez pela
cantora, atriz e diretora brasileira, Vanja Orico. Foi regravada por vários
artistas como Nana Caymmi, Maria Bethânia, Raul Seixas, Geraldo Azevedo, e
ainda por estrangeiros, como a cantora folkamericana Joan Baez. É dele
também "Meu Pião", gravada em 1971 e imortalizada na voz de Geraldo
Azevedo.
Por volta dos anos 60, vários artistas, como Bob Dylan e a própria Baez
foram buscar no folclore americano e na música da América Latina fonte de
inspiração. E é num de seus primeiros discos, o "Joan Baez 5", que
encontramos a "Mulher Rendeira", com o título de "O
Cangaceiro" e com os créditos de Zé do Norte, atribuídos ao seu nome de
batismo, Alfredo Ricardo do Nascimento.
Suas músicas, além de atribuídas as coisas sertanejas, têm muito
lirismo, como se vê em "Sapato de algodão ("eu fui dançar/ com meu
sapato de algodão/ o sapato pegou fogo/ eu fiquei de pé no chão"), outra,
de versos singelos, que também é atribuída em várias regiões do Nordeste, como
música do folclore, é "Lua bonita", em parceria com Zé Martins,
também de 1953 e regravada por Raul Seixas no disco "A Pedra do
Gênesis" (1988).
Boa parte de suas composições ainda necessitam de um trabalho de
catalogação. Sua obra é cantada hoje no Brasil e no exterior, embora nem sempre
a fonte seja citada. É o caso por exemplo de Caetano Veloso "It's a long
way" (disco "Transa" - 1972) em que no meio da canção versos de
Zé do Norte são citados ("os óios de cobra verde/ hoje foi que arreparei/
se arreparasse há mais tempo/ não amava quem amei (...) arrenego de quem diz/
que o nosso amor se acabou/ ele agora está mais firme do que quando
começou"), mas, nos créditos da música, eles são atribuídos ao compositor
baiano.
Além de cantor e compositor, como folclorista Zé do Norte desempenhou um
grande trabalho de pesquisa sobre o ritmo do "Coco", chegando a
lançar vários "LPs". "Muitas vezes ele pegava as letras das
músicas cantadas pelos cangaceiros, adaptava e registrava como dele. Mas antes
que alguém o questionasse, ele dizia que se não fizesse isso, as belas canções
se perderiam no tempo", afirmou o jornalista e crítico musical, Ricardo
Anísio. O cantor e compositor baiano Xangai, já confirmou o lançamento de um
disco totalmente dedicado às composições de coco compostos pelo poeta e
folclorista paraibano.Zé do Norte faleceu no Rio de Janeiro, em 1979.
matéria extraordinária. parabéns!
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