Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quinta-feira, 7 de março de 2013

MÚSICA / MEMÓRIA: A geração que refutou a herança tropicalista


Vindos do Ceará, da Bahia da Guanabara, do rock, do baião, do samba, são os novos cantores e compositores da música popular em cujas ideias, discos e shows habitam ruídos incríveis”. Essa era a chamada de abertura de uma matéria, no semanário Opinião (de Tárik de Souza e Ana Maria Bahiana), intitulada “Os pós-caetanistas”, no final de 1973. A mudança de guarda na MPB aconteceu tão rapidamente, que demoraria a ser assimilada. A medida ainda era Caetano Veloso, recusada pelos novos. Um perfil de Luiz Melodia, no lançamento do álbum Pérola Negra, ressalta isto: “Alérgico a qualquer rótulo, contesta a influência de Caetano Veloso, nega associação ao grupo baiano e reserva-se o direto de dar suas músicas a quem quiser gravá-las”.

Sérgio Sampaio, descoberta de Raul Seixas, também sofria pelas comparações a Caetano Veloso. “A história da música popular brasileira depois do tropicalismo é quase uma fábula: a galinha não tinha mais pintinhos. Fez uma reunião de cúpula e decidiu-se que a única maneira de fazer pintinhos era quebrando os ovos. E tome quebra-quebra. Tiravam os bichinhos lá de dentro ainda com os olhinhos fechados e obrigavam a andar”, disse, numa entrevista ao Jornal da Música, em 1976. Os encarregados de tirar os tais pintinhos do ovo tão precocemente foram dois nomes importantes na história da indústria fonográfica brasileira: o francês (meio egípcio) Andre Midani, da poderosa Phillips (atual Universal Music), e Carlos Alberto Sion, da Continental.

Este último ainda era, na prática, um “pintinho”, estava com 23 anos quando recebeu a incumbência de arrebanhar roqueiros para a Continental. “No final dos anos 1960, a empresa tinha um elenco de produtores em São Paulo, onde ficava sua sede, que abriu as portas para toda uma geração de novos artistas nos quais as multinacionais não enxergavam grande potencial. Porém, sendo uma empresa 100% nacional, a Continental não tinha os recursos em dólares necessários para toda publicidade e o marketing, vitais num País enorme como o Brasil. Isso limitou muito a expansão das vendas. Era tudo muito espontâneo, no boca a boca”, conta Sion, em entrevista por telefone, do Rio, onde mora. 

O comentário explica porque os pernambucanos do Ave Sangria tiveram tão pouco apoio da Continental, pela qual gravaram seu único LP, em 1974. A culpa foi também do fim dos Secos & Molhados no auge da carreira. 
Assim como não se esperava que a banda fosse tão bem-sucedida, tampouco se imaginava que ela mal chegaria ao segundo disco. João Ricardo, Gerson Conrad e Ney Matogrosso foram contratados ao mesmo tempo que A Bolha, Paulo Bagunça e A Tropa Maldita e O Terço. A trinca foi engolfada pelo furacão S&M. 
No auge, o trio foi responsável por 90% das vendas da Continental. Então, 21 das 25 prensas da fábrica da gravadora dedicavam-se em tempo integral ao seu álbum de estreia do Secos & Molhados – algo que só havia acontecido na indústria no começo dos anos 1950, na RCA-Victor, com Luiz Gonzaga. Destes grupos citados, apenas O Terço ainda teima em existir, graças a persistência de Sérgio Hinds.

A geração pós-Caetano tinha em comum a rebeldia, aparentemente sem causa. O capixaba Sérgio Sampaio, vendeu 500 mil cópias do compacto Eu quero é botar meu bloco na rua, seu maior e único sucesso. Depois de lançar o álbum de estreia pela Phillips, ele foi dispensado e voltou para sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim. Até morrer, em 1994, nunca conseguiu se livrar da pecha de “maldito”. Em 1975, em entrevista ao Jornal de Música, ele se definia como “Péssimo profissional, péssimo filho, péssimo companheiro”. Se mudou para o Rio porque se considerava expelido de Vitória, como um corpo estranho.

 Edy Lima, ou Edy Star, baiano que aterrissou no Recife em 1966, com uma companhia de teatro, foi companheiro de Sérgio Sampaio, Raul Seixas e Miriam Batucada no “maldito” LP Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10: “Defendi num festival na TV Jornal do Commercio a música de Aristides (Guimarães) Debaixo das bananeiras, longe dos laranjais”, lembra Edy, que gravaria, em 1974, Sweet Edy...um álbum antológico, com inéditas de Caetano, Gil, Jorge Mautner, Roberto e Erasmo, Moraes & Galvão.

Ele explica a geração dos pós-caetanistas em poucas palavras: “Havia clima y talentos verdadeiros”, faz questão do “y”, cacoete herdado dos muitos anos que viveu na Espanha.
Apesar de aparentar maluco, Edy Star soube segurar a onda. Voltou ao Brasil e vive de música em São Paulo. O mesmo para Walter Franco, o mais elogiado desta geração, cujo álbum de estreia, Ou não?, teria sido inspiração para o Araçá azul, de Caetano Veloso.

De todos dessa turma, quem teve melhor desempenho foi Ney Matogrosso, consagrado como uma das grandes vozes do País. No entanto, quando o Secos & Molhados terminou, ele não parecia otimista com o futuro, como comentou em uma entrevista ao Jornal a Tarde (SP): “Agora voltei para onde João Ricardo me tirou um dia: a sarjeta. Em compensação, voltei a dormir e a sonhar, o que não conseguia fazer há mais de um ano”.

José Teles
JC

Nenhum comentário:

Postar um comentário