Corte para 2013, quando Eduardo Paraná, Carlos
Eduardo Lambach, hoje apenas Kadu Lambach, relê o legado do grupo. Kadu Lambach
- Legionário do Som, nome provisório do disco, recebe toques finais para ser
lançado em maio com nove regravações da Legião, mais duas parcerias inéditas
com Renato Russo, que o músico afirma ter redescoberto recentemente.
Lambach diz ter deixado o grupo para dar vazão à
sua verdadeira veia musical: jazz, blues e música instrumental. Ao longo do
tempo, gravou dois CDs: Last Blues, em 1997, e Mikrofonia, dois anos depois,
que acabou não sendo lançado. Mudou-se para o Rio, onde tocou com Márcio
Montarroyos, Belchior, o baixista Arthur Maia e a cantora Jane Duboc, entre
outros. Há seis anos, voltou para a terra natal, Curitiba, onde produz
Legionário do Som. "Já fiz tributos a grandes nomes como Cole Porter, Tom
Jobim, Gershwin, Noel Rosa. Agora, me sinto preparado para homenagear minha
primeira banda, a mais importante do rock nacional."
Para isso, conta com o aval da família de Renato Russo.
"O Giuliano (filho de Renato Russo) me convidou inclusive para participar
do projeto Legião Sinfônico", lembra. Conexão Amazônica, Por Enquanto,
Música Urbana II, Índios, Eu Sei, Geração Coca-Cola, Que País É Esse?, Eduardo
e Mônica e uma versão instrumental para Tempo Perdido já estão prontas. E há
ainda as inéditas Medieval e Dois Corações.
"Nos primeiros ensaios da Legião, tocávamos um
instrumental meio renascentista que no fim virava blues. Havia uma letra
também, me lembro vagamente do Renato a cantando para mim. Há dois anos, me
lembrei da melodia e resolvi incluir no CD, já que o Renato sempre flertou com
música de alaúde", afirma Lambach. Já a letra de Dois Corações o músico
reencontrou revirando um baú em casa.
Nos vocais de sua banda está o cantor Rodrigo
Vivazs, atual vocalista da banda Blindagem, decana do rock paranaense. "O
registro dele em nada lembra o do Renato, o que conferiu uma interpretação em
consonância com meus arranjos." Sobre o fato de revisitar o legado de um
grupo consagrado com o qual fez apenas os primeiros três shows, Lambach garante
não temer críticas ou represálias de fãs. "Comentei sobre isso com a
Carmem, irmã do Renato, e ela respondeu com uma frase dele: ‘Estamos do lado do
bem, com a luz e com os anjos’."
Lambach conta que tinha 16 anos quando após um show
no Lago Norte, em Brasília, Renato Russo o convidou para montar uma banda com
ele, após o prematuro fim do Aborto Elétrico. "Já o conhecia do Aborto e o
admirava. Meus ideais musicais eram mais abrangentes que a estética punk,
gostava de Egberto Gismonti, Chick Corea, Jean Luc Ponty. Mas aceitei."
Ficou apenas um ano na banda. "Saí porque o Bonfá pressionava muito, ele
representava um pessoal que não me queria no Legião por trazer sonoridades na
contramão do punk rock. Quando pedi pra sair, o Renato ficou chateado",
confessa.
Personagem que viveu a cena in loco, Dinho Ouro
Preto acha que Lambach era "músico demais" para a Legião na fase
pré-sucesso. "Só sabíamos os três acordes da escola punk. Já o Paraná era
um jazzista", relembra o cantor do Capital Inicial. "Ele e a Legião
eram como água e vinho. Ele tocava mais notas, mais acordes. Só anos depois é
que a banda faria harmonias mais complexas." Para Dinho, a saída teve
caráter consensual. "Acho que ele e o Renato chegaram à conclusão que o
Paraná não era o cara certo para estar ali."
Carlos Eduardo Oliveira, Especial para o Estado
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