Dido é uma daquelas cantoras lembradas pelo grande público apenas por alguns (poucos) hits. No caso dela, "Thank You", que ganhou o mundo após uma forcinha do rapper Eminem, "My Lover´s Gone", tema da personagem Mel, na novela "O Clone", e "White Flag", cujo clipe teve participação do eterno vampiro do seriado "Angel", David Boreanaz. Uma grande injustiça, diga-se.
Dido Armstrong lança disco em que explora o que melhor sabe fazer: letras profundas e arranjos luxuosos em batidas eletrônicas ao estilo Faithless
Sempre muito discreta, Dido meio que sumiu após o fraco disco anterior, "Safe Trip Home". O trabalho era aguardado com ansiedade após o excelente "Life for Rent", mas decepcionou. Letras fracas, se comparadas ao que ela já tinha feito, e melodias uniformes. Daqueles discos difíceis de ouvir mais do que duas vezes.
Processo
Foram quase cinco anos até este "Girl Who Got Away", talvez, o mais eletrônico de todos os seus trabalhos - sim, em maior ou menor grau, ela sempre flertou com este universo. É como se Dido estivesse voltando aos seus tempos de Faithless (trio do qual seu irmão fazia parte e ela, vez por outra, contribuía compondo ou adicionando vocais às canções). Rollo Armstrong, aliás, o irmão em questão, é seu parceiro até os dias de hoje. Além dele, assinam a produção do disco nomes como Sister Bliss (também ex-integrante do Faithless) e Brian Eno.
O álbum abre com "No Freedom", uma daquelas músicas cujos versos vão dão dando pequenos socos no estômago do ouvinte. "Não há amor sem liberdade/Não há liberdade sem amor", canta Dido. As canções "Girl Who Got Away" e "Let Us Move On", que tem participação do rapper Kendrick Lamar, deve fazer os fãs respirarem aliviados: a boa e velha Dido está de volta mesmo.
Em "Blackbird" ela usa até um trecho da letra repetido no começo sobre uma batida simples até explodir num arranjo cheio de camadas. Ousado e com um ótimo resultado. "Por que eu te trago amor/Quando tudo o que você me traz é dor?", diz um trecho da letra. "Sitting on the Roof of the World" e "Happy New Year", com sua levadinha bossa nova, são outros destaques de um disco que merece atenção.
FILIPE PALÁCIO (REDATOR)
Diário do Nordeste
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