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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 10 de março de 2013

MÚSICA: As cores da Gang do Eletro

Fruto das misturas de ritmos locais com a eletrônica, o grupo de Belém lança o seu esperado disco de estreia e se apresenta pela primeira vez no exterior, nos EUA, dia 15.

William Love, Waldo Squash, Keila e Maderito: drum and bass, electro, techno e a cumbia argentina no liquidificador
Foto: Divulgação/Diana Figueroa
RIO - Belém é um brilho só. Não é de hoje que a capital do Pará vem dando um novo colorido ao mapa musical do país. Do carimbó à guitarrada, passando pelo tecnobrega com suas fluorescentes festas de aparelhagem, da cidade têm jorrado talentos como Gaby Amarantos, Mestre Vieira, Felipe Cordeiro, Dona Onete, Pio Lobato e Lia Sophia, sem contar monumentos locais como Fafá de Belém e a Banda Calypso. Cercada pela floresta e a um pulo do Caribe, essa Pandora amazônica produz agora mais um nome: a Gang do Eletro, aquela onde o cinza não tem vez.
Fruto das misturas de ritmos locais com a eletrônica, o grupo formado pelos cantores Maderito, Keila e William Love e liderado pela mente criativa de Waldo Squash — um ex-mecânico industrial transformado em produtor e DJ — lança no dia 26, pela Deck, o seu esperadíssimo disco de estreia. Em suas dez faixas, energéticas como um dos mais saborosos produtos da terra, o açaí, o tecnobrega cede espaço para um imediato, o eletromelody, mais pesado e mais funkeado, que bate no liquidificador drum and bass, electro, techno e a cumbia argentina.
Testada em consagradoras apresentações realizadas, ano passado, em festivais como o Sónar SP e o Rec Beat (em Recife) e elogiada por publicações como “Billboard”, “Rolling Stone”, “Wire” e “Vice”, essa fórmula já rendeu ao líder da Gang uma apresentação solo, como DJ, em Berlim, também em 2012, e um convite para um show do grupo, no próximo dia 15, no renomado festival South By Southwest (SXSW), que acontece no Texas, nos Estados Unidos. Vai ser a primeira apresentação da Gang do Eletro no exterior e também o início da turnê de divulgação do seu disco homônimo. No show, o quarteto vai apresentar também seus mais novos trajes, que de preto e branco não têm nada.
— São pequenas variações das roupas que usamos nos shows do ano passado e que estão também na capa do disco — conta Squash. — É tudo muito colorido, como o nosso som e como o universo de onde nós viemos.
O début da Gang do Eletro foi precedido pela música “Velocidade do eletro”, oferecida para download gratuito no iTunes no fim do mês passado, por uma semana apenas (o prazo já expirou), e também por seu clipe, lançado há alguns dias. As imagens mostram a banda circulando pelo mercado popular Ver-o-Peso — centro nervoso da cidade, onde pratos de maniçoba, ervas variadas e elixires para as mais improváveis curas são comercializados — dançando o treme, o vigoroso passo, não recomendável para ombros sensíveis, que virou mania na região.
— Foi muito legal gravarmos o clipe no Ver-o-Peso — conta Keila. — Chegamos lá sem avisar, ligamos o som e saímos andando pelas barracas, com a câmera nos acompanhando. Eu vendia sorvete na praia com meu pai, então interagir com as pessoas não é um problema para mim. Foi bom também porque aquele local foi muito importante para a nossa história e a de quase todos os artistas de Belém.
Ela se refere ao fato de que, até pouco tempo, boa parte dos artistas da cidade deixava seus CDs naquele local, para que fossem comercializados pelos barraqueiros. Foi essa inusitada simbiose com a pirataria — discutida em livro (“Tecnobrega — O Pará reinventando o negócio da música”, de Ronaldo Lemos), estudada em análises sobre economia informal e tema até de reportagem na CNN — que projetou a Banda Calypso, por exemplo.
— Mas hoje isso não é mais tão necessário — revela Squash. — Com o avanço da internet e das redes sociais, todo mundo oferece as suas músicas diretamente para o público, sem precisar do CD físico nas barracas.
Essa independência e essa estética “faça você mesmo” se refletem na própria produção do disco, assinada por Squash, que gravou toda a parte instrumental no estúdio que tem em Barcarena, cidade industrial próxima a Belém, onde mora.
— Não foi muito complicado porque todas as músicas já vinham sendo testadas nos shows do ano passado. E as demos já circulavam pelas rádios de Belém, com boa repercussão — conta ele. — Era um material com que estávamos familiarizados. Fizemos apenas acertos nos arranjos e demos uma turbinada nas batidas.
Nos estúdios da Deck, no Rio, foram gravadas apenas as partes vocais, com Maderito (fã de Marcelo D2 e autor da maioria das letras), Keila e William.
— Contamos com a ajuda da Cyz Zamorano, que fez a direção de voz no disco — explica Maderito, que fundou a banda ao lado de Squash, em 2009. — Ela aparou as arestas e arredondou o nosso canto. Isso nos tornou mais afinados e seguros. Passei a ouvir melhor minha voz e entender melhor minhas próprias letras, que falam sobre o dia a dia em Belém, as festas de aparelhagem, as equipes de som, as galeras, como está descrito em “Vamos de barco”, por exemplo. Não queremos forçar algo que não somos. Todo mundo na banda anda de ônibus. Ou de barco.
No fim, o disco da Gang do Eletro — que tem a participação de Felipe Cordeiro na faixa “Dançando no salão” — ficou com pouco mais de 30 minutos de duração e, como diz o produtor, “sem firulas”.
— Desde o começo, nossa intenção era dar o nosso recado de forma simples e direta — afirma Squash, que produziu também as batidas de “Treme”, o disco de estreia de Gaby Amarantos. — Não seria autêntico nos intrometermos em áreas que não são parte das nossa vidas apenas para tocar nas rádios do Sudeste.
Mesmo assim, Squash tem consciência de que o álbum do seu grupo é um valioso produto de exportação, capaz de consagrar de vez o ambiente que o gerou.
— Sem dúvida, é um fruto bem especial, que vamos oferecer agora aos Estados Unidos e depois ao resto do Brasil. Não queremos colocar um peso extra nos nossos ombros, mas é claro que é um disco que pode projetar Belém de vez no cenário musical.

CARLOS ALBUQUERQUE
o gLOBO

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