Blanc é autor
de vasta obra musical e literária, como "O Bêbado e a Equilibrista",
feita com João Bosco e eternizada na voz de Elis Regina.
No
dia 10 de abril, o
compositor deu entrada na CER do Leblon com infecção
urinária e pneumonia, que evoluíram para um quadro de infecção generalizada.
Cinco dias
depois, a partir de uma campanha de amigos e artistas para conseguir um leito
na rede pública de saúde do Rio, Blanc
foi transferido para o Hospital Pedro Ernesto.
Na unidade,
chegou a apresentar sinais de melhoras, mas como seu estado era muito grave,
foi mantido sedado o tempo inteiro.
Aldir
Blanc deixa composições que marcaram a vida e a história dos brasileiros. O
menino nascido no Estácio, Centro do Rio, era um observador das ruas, poeta da
vida e da cidade. Captava a alma do subúrbio.
Virou também
cronista e em suas histórias revelava paixões, como o bairro de Vila Isabel,
onde passou a infância, o time Vasco da Gama, e o carnaval.
Blanc batizou
também um dos mais tradicionais blocos do Rio, o "Simpatia é Quase
Amor", que desfila há anos em Ipanema, na Zona Sul.
Troca de medicina pela música
Aldir
Blanc Mendes nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 setembro de 1946. Em 1966,
ingressou na Faculdade de Medicina, especializando-se em psiquiatria. Em 1973,
abandonou o curso para dedicar-se exclusivamente à música, tornando-se um dos
mais importantes compositores de Música Popular Brasileira (MPB).
Uma de suas
canções mais famosas, “O Bêbado e a Equilibrista”, feita em parceria com João
Bosco, ficou eternizada na voz de Elis Regina.
Outras
composições famosas são “Bala com Bala”, “O Mestre-Sala dos Mares”, “De Frente
Pro Crime” e “Caça à Raposa”.
A obra de
Blanc reúne, ainda, dezenas de canções conhecidas, feitas em parceria com
outros ilustres artistas, como Moacyr Luz, Maurício Tapajós, Paulo Emílio,
Carlos Lyra, Guinga, Edu Lobo, Wagner Tiso, César Costa Filho, Cristóvão
Bastos, Roberto Menescal, Ivan Lins, entre outros.
O começo
Aos
18 anos, Blanc ganhou uma bateria e, pouco depois, formou o grupo Rio Bossa
Trio. Em 1968, conheceu o parceiro Sílvio da Silva Júnior. Dois anos mais tarde,
a primeira composição da dupla, “Amigo É pra Essas Coisas”, é gravada pelo
grupo MPB-4.
Na mesma
época, ao lado de outros compositores, como Ivan Lins, Gonzaguinha e Marco
Aurélio, funda o Movimento Artístico Universitário (MAU), e torna-se conhecido
por criar e integrar associações ligadas à defesa dos direitos autorais. É um
dos fundadores da Sociedade Musical Brasileira (Sombras) - responsável pela
arrecadação de direitos autorais -, da Sociedade de Artistas e Compositores
Independentes (Saci) e da Associação dos Músicos, Arranjadores e Regentes
(Amar).
“Ela”, sua
composição em parceria com César Costa Filho, foi gravada por Elis Regina, em
1971. No ano seguinte, a cantora grava “Bala com Bala”, parceria com João
Bosco, e a canção “Agnus Sei” é lançada no Disco de Bolso, compacto que
acompanha o jornal O Pasquim.
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Aldir Blanc e João Bosco recebem o Prêmio Shell de Música durante cerimônia e show realizado no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio de Janeiro, em novembro de 2004 — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/Arquivo
Em
1973, Elis grava ainda várias outras músicas da dupla Bosco e Blanc, como “O
Caçador de Esmeralda” e “Cabaré e Comadre”. Um ano depois, em outro LP, Elis
grava outros sucessos da dupla, como “O Mestre-Sala dos Mares”, “Caça à Raposa”
e “Dois pra Lá, Dois pra Cá”. E em 1979, “O Bêbado e a Equilibrista”, um dos
maiores sucessos de sua carreira.
Em 1996, o
disco comemorativo “Aldir Blanc - 50 Anos”, em homenagem ao compositor, reuniu
várias participações especiais, entre elas, Betinho ao lado do MPB4, Edu Lobo,
Paulinho da Viola, Danilo Caymmi e Nana Caymmi.
O álbum reúne,
também, letras e melodias com Guinga, Moacyr Luz, Cristóvão Bastos e Ivan Lins.
Com Bosco,
emplacou algumas canções na trilha de abertura de novelas e séries, como “Doces
Olheiras” (na novela Gabriela, da TV Globo, em 1975), “Visconde de Sabugosa”
(para O Sítio do Pica-Pau Amarelo, em 1977), “Coração Agreste” (em Tieta, de
1979), “Confins” (em Renascer, de 1993), “Suave Veneno” (na novela homônima, de
1999), “Chocolate com Pimenta” (tema de novela homônima, em 2003), “Bijuterias”
(para a minissérie “O Astro”, no remake de 2011).
O cronista Aldir Blanc
Blanc
era também cronista, reconhecido pelas bem-humoradas histórias e personagens da
Zona Norte do Rio.
Publicou
vários livros, entre eles "Rua dos Artistas e Arredores" (Ed.
Codecri, 1978); "Porta de tinturaria" (1981), "Brasil passado a
sujo" (Ed. Geração, 1993); "Vila Isabel - Inventário de
infância" (Ed. Relume-Dumará, 1996), e "Um cara bacana na 19ª"
(Ed. Record, 1996), com crônicas, contos e desenhos.
Contribuiu,
ainda, com crônicas para os jornais O Dia, O Estado de São Paulo e O Globo.
Por Alba
Valéria Mendonça, Cláudia Loureiro e Edimílson Ávila, G1 Rio e TV Globo
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