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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Projeto mapeia 80 bandas de pífano de Pernambuco para salvaguardar cultura

Banda Cabaçal Bom Jesus dos Aflitos (Foto: Claudia Lisbôa/Acervo)

 No interior do Nordeste, as bandas de pífano evocam nosso sincretismo cultural. Flautas já existiam entre indígenas, mas o instrumento aparece com mais força com a chegada europeus, que usavam o instrumento em novenas e bandas militares. O pífano resiste como identidade cultural nos rincões de Pernambuco, com histórias baseadas na oralidade, muitas vezes invisibilizadas pelas gestões municipais. São várias as motivações que justificam a criação do projeto Pífanos: Do mapeamento a salvaguarda, que mapeou cerca de 80 bandas no Agreste e no Sertão de Pernambuco, extraindo textos, audiovisuais, partituras e livros publicados. Todo o material está disponível no site tocandopifanos.com, que será inaugurado nesta quinta-feira (30). Os pesquisadores da produtora cultural Página 21 farão uma videoconferência no Instagram do projeto (@tocandopifanos), às 19h, também na quinta.

Foram mais de 15 mil quilômetros percorridos pelo estado, durante aproximadamente 10 anos. O objetivo era dimensionar a relevância histórica e cultural dos grupos (com núcleo instrumental formado por um par de pífanos, uma zabumba e uma caixa), incluindo as nuances de cada região, a evolução musical, chegando até ao meio ambiente com matéria prima necessária para fabricar os instrumentos. O resultado, inclusive, irá ajudar no processo de categorização das bandas de pífano como patrimônio da cultura brasileira pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.


Inicialmente, dois projetos foram aprovados no Funcultura, um focado no Agreste Central (2010) e outro no Sertão Meridional e Central (2013) - que resultaram livros disponíveis para download no tocandopifanos.com. O site que chega na web, no entanto, foi um projeto aprovado pelo Itaú Cultural há três anos, que ainda possibilitou uma imersão no Sertão do Araripe, da Itaparica e do São Francisco, além de três comunidades quilombolas: Leitão de Carapuça (Afogados da Ingazeira), Travessão do Carua (Carnaíba) e Quitimbu (Custódia). Entre as bandas presentes, estão Raça Negra Boavistana, Banda de Pífanos da Caatinguinha, Banda de Pífanos Santa Bárbara e Banda Cabaçal Bom Jesus dos Aflitos.

Banda Cabaçal Bom Jesus dos Aflitos (Foto: Claudia Lisbôa/Acervo)

 "Tudo começou em 2010, quando a produtora Página 21 fez um encontro de pífanos em Olinda. Naquele momento, surgiu um desejo de que a expressão fosse reconhecida como um patrimônio da cultura brasileira pelo Iphan. Chegamos até a participar de um abaixo assinado', explica Claudia Lisbôa, que participou da elaboração e execução do projeto. "Realizamos dois mapeamentos com apoio do Funcultura. Em 2017, fomos contemplados no Itaú para novos aprofundamentos que incluem o site, um novo livro e também uma exposição, que ainda não conseguimos realizar devido à pandemia".

Claudia Lisbôa realizou as etapas da pesquisa ao lado do radialista e documentarista Amaro Filho, o historiador e diretor audiovisual Eduardo Monteiro e o etnomusicólogo mineiro Daniel Magalhães, entre outros. O tocandopifanos.com foi alimentando com o conteúdo fundamental para salvaguardar a cultura dessa prática, evidenciando toda sua potencialidade com informações e conteúdos extraídos da memória viva e da oralidade. No entanto, ainda existe mais de 80 horas gravadas em audiovisual e áudio, partituras para serem transcritas. Eles explicam que o portal continuará sendo atualizado por anos, inclusive com mini documentários sobre cada uma das bandas catalogadas, abrigando novas iniciativas, estudos e produções sobre o tema.

“Para mim, essa pesquisa tem um diferencial de outros inventários porque em alguns momentos nós evitamos o recorte. Quando descobríamos uma banda, chegávamos a ela. Fomos persistentes, para dar fala a pessoas pessoas e ajudar a entender a construção dessa cultura brasileira. Em uma perspectiva mais pessoal, vi muita identidade e solidariedade nesses músicos, que em maioria vivem em áreas rurais e muitas vezes trabalham como agricultores. É uma prática que envolve amor, ofício e fé”, diz Cláudia.

Banda Cabaçal Bom Jesus dos Aflitos (Foto: Claudia Lisbôa/Acervo)

 “Quando vemos uma banda de pífano, estamos olhando para 300 anos de tradição viva”, resume o historiador Eduardo Monteiro. “Dentro do pedido do Iphan para o reconhecimento do pífano, nos deparamos com o levantamento histórico e de relevância para a identidade cultural. Partimos para a análise de documentos, mas principalmente para o campo da cultural oral”.

O pesquisador encontrou alguns tópicos que podem ser considerados formadores de identidade: “A música foi uma forma importante da catequização europeia e católica no Brasil. Os primeiros encontros culturais tiveram esse protagonismo musical. No século 18, com a interiorização, isso foi levado às cidades visitadas. O pífano foi sendo modificado com o tempo. No século 20, ele ganhou uma projeção nacional com a Banda de Pífanos de Caruaru, do Sebastião Baino, por exemplo. Gilberto Gil começa a utilizar o instrumento, que acabou influenciando a tropicália, que por sua vez influenciou a música pop no Brasil”, finaliza.


DIÁRIO DE PERNAMBUCO





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