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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Poesia: "Dias de outono", um poema de João Batista de Siqueira "Cancão"

Foto: Imagem/Google

DIAS DE OUTONO

 Surge a manhã radiante
Com seu clarão luminoso
No prado verde e relvoso
Derrama luz cintilante
No horizonte distante
Seu lindo foco irradia
A aragem branda e fria
Passa por entre a ervança
Grata, meiga, pura e mansa
Fresca, serena e macia

Logo linda claridade
Através do monte surge
Muito triste a vaca muge
Como quem sente saudade
O sol, com vivacidade
Nos anuncia um bom ano
O seu disco soberano
Faz o espaço vermelho
Cristalizando o espelho
Das águas do oceano
  
O vento atravessa certo
Os altos cumes azuis
Roçando os verdes bambus
Do coração do deserto
O sol, qual espelho aberto
Envia luz luminosa
Por trás da serra verdosa
Começa o clarão surgir
Parece o mundo se abrir
Num sonho de paz e rosa

Os gigantes vegetais
Na desabrida procela
Soltam a folha amarela
Pelos desertos campais
Ouvimos, para os rosais
Linda canção maviosa
Na aroeira frondosa
Um sabiá comovido
Solta o prelúdio sentido
De sua endecha chorosa

Canta contente o carão
Na fronde do cajueiro
Depois faz voo ligeiro
Pra longínqua região
Grita alto o gavião
Do sol gozando o afago
Que do firmamento vago
Envia pomos de luz
Dourando as asas azuis
Das borboletas do lago
  
As águas impetuosas
Descem do monte barrentas
Procurando, violentas
As catadupas limosas
O colibri, entre as rosas
Voa com certo desvio
Enquanto o vento macio
Passa abraçando os barrancos
Dos gratos terrenos brancos
Da margem fresca do rio

As borboletas ligeiras
Esvoaçam sem empalho
Sorvendo as gotas de orvalho
Das flores das goiabeiras
Depois, voando rasteiras
Vão procurar novas bases
Para o tenebroso oásis
Onde há mais esperando
Uma à outra revelando
As mais inocentes frases

O nevoeiro parado
Fazendo negros bulcões
Os mais pesados trovões
Estalam de lado a lado
No lindo pomar florado
A aura espalha frieza
Nos mostra sua beleza
O pequeno ouricuri
Recebendo, alegre em si
Os beijos da Natureza

Doze horas, meio-dia
A vento soluça manso
O nevoeiro, em balanço
Uma mudança anuncia
A passarada em folia
Gorjeia pela campina
Se ouve, além da colina
Rumores do vendaval
Assim a tarde outonal
Chuvosa e fria declina

As garças voam vexadas
Dos desertos mais vizinhos
Na direção de seus ninhos
Perto das águas paradas
A noite, além, nas chapadas
Abre o manto universal
E o nevoeiro em geral
Mostra os últimos rubores
Pelas derradeiras cores
Do incêndio ocidental

As sombras, no mofumbal
Frias e densas se enrolam
As goteiras cantarolam
Uma canção invernal
Seis horas na catedral
Momento grato e tocante
A brisa mansa e cortante
Passa por monte e sopé
Enquanto um velho pajé
Evoca seu gênio errante

O sol, por trás dos silvedos
Espalha luz soberana
Linda donzela indiana
Olha, sorrindo, seus dedos,
Ouvimos, para os penedos
A catadupa gemendo
As águas brandas descendo
Pelas escabrosidades
Pra nos trazer mais saudades
Da tarde que vai morrendo

Agora, a escuridão
Desenrola num levante
Vem tomando, num instante
O mundo, de vão a vão
Uma grande solidão
Neste momento aparece
O globo todo entristece
Reina um silêncio profundo
A noite amortalha o mundo
E a Natureza adormece...

João Batista de Siqueira “Cancão”


Poema extraído do livro: “Palavras ao plenilúnio” de Lindoaldo Campos

CANTIGAS E CANTOS

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