Velocímetro, planilhas e escalas
E o outro em silêncio fez as salas
Do cimento da voz do sentimento
Nunca soube medir o cumprimento
Nem tem trena, nem metro, nem barbante
E pelas portas da sala do semblante
Muitas lágrimas despeja no terreiro
Quem criou a distância era engenheiro
E quem criou a saudade era um amante
Encurtando o percurso da distância
E o outro ao nascer já na infância
Não sabia o percurso da viagem
Quando abriu a tramela da garagem
Percebeu que o caminho era distante
E resolveu se tornar um viajante
Sem chegar, apesar de andar ligeiro
Quem criou a distância era engenheiro
E quem criou a saudade era um amante
E outro inventou sem ter maldade
Estruturas da massa da saudade
Nos andares febris dos corações
No serviço o pincel das ilusões
Caprichou na pintura e no corante
E no momento da chama inebriante
Não deu tempo apagar o candeeiro
Quem criou a distância era engenheiro
E quem criou a saudade era um amante.
Mote : Gumercindo da Lagoa
CANTIGAS E CANTOS
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