Quem viaja já sabe o quando custa
Viver longe de casa e da família.
O salário é tão pouco que assusta
Comparando ao que é pago em Brasília.
Uma cama-beliche e dois colchões,
Dois ocupam e nos vários vagões
Deste lar moram uns trinta "piões",
Num espaço que tem pouca mobília!
A saudade maior é da família
Que deixou esperando o seu regresso.
O esposo chorando diz: Emília,
Eu preciso partir e sem sucesso...
Muitas vezes quem vai regressa sem
E sem grana mendiga para alguém,
Uma nota de cinco, dez ou cem
Pra comprar a passagem na Progresso!
Na TV sempre passa do congresso
Os políticos que fazem palhaçadas.
Futebol exaltado e o ingresso
Esgotado, lotando arquibancadas.
E os "piões" co'o dinheiro bem pouquinho,
Compram litros de cana, coca ou vinho...
E se sentam no chão ou num banquinho,
Frente a uma quatorze polegadas.
Suas roupas por eles são lavadas
Numa pia instada no quintal.
Várias cordas trançadas e esticadas
São expostas, servindo de varal.
Quando chove começa a correria
Pra tirar do varal a roupa fria
E estender novamente em outra via,
Planejada de forma especial!
De manhã eles pegam no braçal
E produzem conforme o exigido.
Meio dia descansam e ao final
Da labuta, o seu corpo esmorecido,
Sempre fica co'a tal temperatura.
Esses homens fiéis e com bravura
São guerreiros de alma: bela e pura,
D'um País tão corrupto e oprimido!
Andrade Lima.
Em Teresina PI, 23/04/2017.
Mote de Dedé Monteiro
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