Os olhos quase fechados
O semblante entristecido
Respeite, seja educado
Que é um prédio do passado
Que está pra ser demolido.
Estou velho e esquecido
Não posso alcançar o trote
Da fogosa mocidade
Mas tenho no meu interior
Quadros pintados de amor
Mágoa, tristeza e saudade.
Quem me ver, tenha bondade
Passe, não estacione
Que eu sou um obcecado
Atingido do ciclone
Por favor, não se atreva
Não pergunte, não escreva
Não chame, nem telefone.
Quero que o mundo ressone
Esquecido do meu eu
O meu tempo já passou
O meu prazo se venceu
O prédio trincou a base
Estou terminando a fase
Da vida que Deus me deu.
A velhice me envolveu
Quando olho no espelho
Me sinto tão diferente
Que passo a mão no meu rosto
Só pra ver se tenho o gosto
De ser outro em minha frente.
Mas é verdade, infelizmente
Tudo quanto eu observo
Cabisbaixo e pensativo
Humilhado eu me reservo
Em busca de um lugar oculto
Aonde escondo o meu vulto
E as mágoas que eu conservo
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