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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Poesia: "Quis rever onde era a moradia Só restou o esteio da saudade", um poema de Aluísio Lopes

Foto de Gilberto Lopes.

QUIS REVER ONDE ERA A MORADIA
SÓ RESTOU O ESTEIO DA SAUDADE

Depois de querer tanto, o pensamento
Impeliu-me ao lugar dos madrigais
Do meu pai, dos meus tios, dos seus pais
O terreiro os brinquedos, meu alento
Na planície da infância, meu momento
Singular, quando vinha da cidade
Era tanta, tanta a felicidade
hoje o peito me reclama na sangria
Quis rever onde era a moradia
Só restou o esteio da saudade

Fosse tal, fosse o modo de chegar
Pra chegar, toda paga, eu pagava
De transporte ou a pé eu lá chegava
Para o doce dos mais doces desfrutar
O aroma dos seus frutos no aromar
Junto ao brilho da bacia, a claridade
‘Ariada’ na areia da bondade
Lembro dela, dos seus olhos, todo dia
Quis rever onde era a moradia
Só restou o esteio da saudade

Quando as vezes, junto aos primos passeava
Era isso, a viagem era um passeio
Todos juntos, corações num só anseio
A distancia, ninguém nisso, nem pensava
Para perto de quem nossa alma amava
 
Ali todos eram só fraternidade
Hoje o favo do mel não mais invade
O meu peito o amargo irradia
Quis rever onde era a moradia
Só restou o esteio da saudade

o caminho que nos levava a morada
Era limpo, ladeado de ramagem
No inverno era verde a sua imagem
No verão, tinha a cor acinzentada
Mesmo assim era mágica a estrada
A casinha bem humilde em claridade
Lá chegando, eu chegava a liberdade
Indo lá, sinto quanto ela é tardia
Quis rever onde era a moradia
Só restou o esteio da saudade

Ao chegar no lugar da fantasia
O fantasma do silencio imperava
Procurei, procurei mas não achava
Aguçado, só o vento assovia
Nem sequer, vi ali casa vazia
Derrubaram, meu deus! foi por maldade?
Ou teria sido insensibilidade
Onde outrora, fora a casa da alegria
Quis rever onde era a moradia
Só restou o esteio da saudade

Ao pisar nos escombros, não contive
O desolamento do passeio
Pus a mão num madeiro, era o ‘esteio’
Como o último guerreiro do declive
Era ele que estava quando estive
Ele forte, robusta propriedade
Eu, vislumbre, bela, em felicidade
Assim fomos, ‘esteio,’ noutro dia.
Fui rever onde era a moradia
Só restou o esteio da saudade

Tanto tempo, tanto tempo já passou
O meu pai, os meus tios, meus avós
Já se foram, não estão mais entre nós
A saudade no meu peito se apossou
Hoje sei, que o que fui, hoje não sou
Nessas perdas, raras pedras, raridade!
Eu perdi, hoje sou só a metade
Nos ‘moraes’ não vou mais, pois me judia
Pois fui ver o lugar da moradia
‘Só restou – me o ‘esteio’ da saudade’

Aluísio Lopes, SJE, 30-12-2016

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