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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 16 de outubro de 2016

Poesia: "A cantiga d'acauã", um poema de Carlos Aires


A CANTIGA D’ACAUÃ

Quando o sol causticante está a pino
O sertão mais parece um fogareiro,
Treme o sol, de tão quente, no terreiro
Sertanejo se sente pequenino,
Pela triste ironia do destino
Muito cedo se acorda de manhã
E na busca incansável, no afã,
Corre atrás à procura do seu pão,
Entristece o matuto do sertão
Quando escuta a cantiga d’acauã.

Grito forte, tristonho e insistente,
Na encosta da serra, ela lamenta,
Muita gente lhe chama de agourenta
Mas, só Deus, é quem sabe o que ela sente,
Talvez cante com pena dessa gente
Que em troca lhe tacham de vilã,
Com a seca se torna nossa irmã,
Mas seu canto nos traz desolação,
Entristece o matuto do sertão
Quando escuta a cantiga d’acauã.

O langor que rodeia seu cantar
É tão triste tal qual a sequidão,
E o calor escaldante do verão,
Faz a gente parar pra meditar,
Será mesmo que o canto traz azar,
Ou é coisa da nossa ideia vã?
Mas aquele que tem a mente sã,
Nos garante que é pura ilusão,
Entristece o matuto do sertão
Quando escuta a cantiga d’acauã.

Um lamento de pura nostalgia
É o soar dessa ave de rapina,
Que do alto no topo da colina,
Nos desola com sua cantoria,
Esse som se propaga e contagia,
Desde a encosta da serra até a chã,
Qual a força tirana de um titã
Retumbando em meio a vastidão,
Entristece o matuto do sertão
Quando escuta a cantiga d’acauã.

Essa ave é mal interpretada
Pois nenhuma maldade ela contém,
Mas, é sempre tratada com desdém,
De maneira bastante equivocada,
Sem ter culpa é sempre rejeitada,
Como fosse um macabro talismã,
Rechaçada, é malvista pelo clã,
Do campônio que tem superstição,
Entristece o matuto do sertão
Quando escuta a cantiga d’acauã.

Eu não vou condenar uma inocente
Pelo ar de tristeza no seu canto,
Pois na seca a coitada sofre tanto,
Que o lamento se torna incoerente,
Langoroso, aflitivo e renitente,
É o som que emite essa aldeã,
Admito que dela eu já sou fã,
E nem penso em mudar de opinião,
Entristece o matuto do sertão
Quando escuta a cantiga d’acauã.

Carlos Aires

Proseando na sombra do juazeiro

Jornal Besta Fubana

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