Ismael
Pereira de Souza, nasceu aos 8 de fevereiro de 1942 no Sítio Mulungu no
município de São José do Egito-PE. e faleceu no doa 3 de maio de 2011. Como
agricultor criou-se no campo trabalhando na roça juntamente com
seus pais e dois irmãos. Desenvolveu outras atividades profissionais, como a de
cantador e funcionário público. Casou-se em 12 de junho de 1965 com Maria José
com quem teve quatro filhos.
Considera-se
um poeta nato e refere-se a Deus como mestre de um trabalho cuja essência é o
sentimento.
Iniciou
a carreira em 1965, Participou de concursos de poesia através dos quais
foi premiado por diversas vezes. Autor de Saudade de Minha Terra (seu
primeiro poema), cita referências como José Bernardino, João Izidro Ferreira,
Pedro Jacinto, João Severo, Manoel Francisco, Pedro Amorim, Lourival Batista,
Job Patriota e Manoel Xudú.
Trata-se
de um poeta a quem a profissão de cantador confere razoável retorno financeiro
e reconhecimento de público. Para Ismael, São José deve o título de capital da
poesia à genialidade de seus poetas e a sensibilidade das pessoas e grupos dos
quais se refere
Texto (Antologia dos
Poetas Egipcienses)
"Escola Oliveira Lima "
O ADEUS
DE UM POETA
O meu
mal foi cruel, foi muito forte
Minha
luta na terra foi vencida
Pra
viver eu não tive meu suporte
A
matéria tombou, foi abatida
A
virtude irreal da minha sorte
Se
tornou em poeira resumida
A
pancada brutal da mão da morte
Rebentou
o cristal da minha vida
Foi
chegado o momento, minha hora
Dou
adeus aos amigos vou embora
À
procura de muitos que partiram
Relutei
pra viver, não fui capaz
Minha
esposa, meus filhos fiquem em paz
O dever
de vocês, vocês cumpriram.
Ismael
Pereira de Souza
Poema:
A MERETRIZ
"O
silêncio da noite é que tem sido
Testemunha
das minhas amarguras"
Me
entreguei para os vícios tão banais
Sendo
abuso de todos os cristãos
Dispensei
os carinhos dos meus irmãos
Esqueci
os conselhos dos meus pais
Hoje
vivo nos meios infernais
Como
vítima de dores e torturas
Peço a
Deus que escute nas alturas
Os
lamentos de um ser arrependido
O
silêncio da noite é que tem sido
Testemunha
das minhas amarguras
Eu não
sei o que é sociedade
Ninguém
mais quer me ter por companhia
Passo
fome bebendo todo dia
E
caindo nos bares da cidade
Sem
direito apoio, a amizade
Entre o
meio das boas criaturas,
Sou do
grupo das damas mais impuras
Que se
entregam nos braços de um bandido
O
silêncio da noite é que tem sido
Testemunha
das minhas amarguras
Já fui
dona do orgulho e de beleza
De
fartura, de tudo de mais belo
De
dinheiro, de carro e de castelo
Já fui
fonte jorrando de riqueza
Hoje
sou o acúmulo de tristeza
Sem
poder sonhar mais com aventuras
Que o
tempo roubou minhas farturas
Meu
castelo foi todo destruído
O
silêncio da noite é que tem sido
Testemunha
das minhas amarguras
Os meus
dias são negros e opacos,
Os
pecados apagam minha fé
Meu
comércio tem sido o cabaré
Me
vendendo pra homens maus e fracos
Vivo
bêbada nas portas dos barracos
Vomitando
e fazendo mil loucuras
E os
insetos nas dobras das costuras
Dos
remendos que tem no meu vestido
O
silêncio da noite é que tem sido
Testemunha
das minhas amarguras
Minha
vida está sendo uma desgraça
Com os
maus que se geram na matéria
O meu
pão está sendo de miséria
Meu
café é um copo de cachaça
Minha
mesa é um banco de uma praça
Minha
cama está sendo as pedras duras,
Nas
calçadas das ruas mais escuras
Muitas
noites eu tenho adormecido
O
silêncio da noite é que tem sido
Testemunha
das minhas amarguras
Eu me
vendo qual outras meretrizes
E
exponho o corpo aos que me julgam
Boto os
seios nas mãos dos que me alugam
Por ser
uma das grandes infelizes
Peço as
moças que hoje são felizes
Que não
caiam nas mesmas desventuras
E as
mulheres casadas que são puras
Cada um
respeite o seu marido
O
silêncio da noite é que tem sido
Testemunha
das minhas amarguras
Ismael
Pereira de Souza
São
José do Egito
Cantigas
e Cantos
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