Tem a sua foice armada
Que não tem medo de nada
E nunca respeitou ninguém
Com a força que ela tem
Elimina a criatura
Bota um cordão na cintura
Caixão preto e vela acesa
A vida é uma incerteza
A morte é certeza pura.
Onde passam caçadores
De sentir cheiro de flores
Pisar em ponta de espinhos
Escutar os passarinhos
Na sua dócil canção
Deixando uma gravação
No disco do vegetal
Eu moro na capital
Mas gosto mais do sertão
Com o som da viola eu não me assombro
Que eu não tenho uma fita no meu ombro
Nem estrela na farda do meu braço
Mais pegando a viola eu também faço
De improviso a maior engenharia
Tenho taça na minha galeria
Sem anel, sem viola e sem patente
Deus me deu a viola de presente
Se eu deixar de cantar é covardia.
Do homem que se embebeda
Corujão que leva queda
Da cabeça de uma estaca
Canto o carinho da vaca
Com seu bezerro pagão
Por não ter água e sabão
Com a língua lambe a cria
Não canto sabedoria
Só sei cantar o sertão
Da rosa que nasce virgem
Mostrando a melhor origem
Crescendo em cima do cume
O farol do vaga-lume
Sem ter pilha nem bujão
De noite mostra o clarão
Jesus lhe dando energia
Não canto sabedoria
Só sei cantar o sertão.
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