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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Poesia: "O cordel completou um centenário, viajando nas asas do pavão", um mote glosado por Geraldo Amâncio e Sebastião da Silva


O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.

Quem foi pai do folheto nordestino
Foi Agostinho Nunes do Teixeira,
Escreveu a história pioneira
Com os filhos Nicandro e Ugolino.
Prosseguiu com Germano e com Silvino,
Eis aí a primeira geração.
O romance no estado de embrião
Fervilhou no poder imaginário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.*

Teve berço no chão paraibano,
Da cultura do povo um grande guia,
Registrou a primeira cantoria
Na peleja de Inácio com Romano.
A memória do padre Otaviano
Levou luz  onde havia escuridão,
O veículo maior de informação
E o primeiro jornal do proletário
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.**

O cordel memoriza a cantoria
Na peleja de Pinto com Marinho,
Com o Cego Aderaldo e Zé Pretinho,
O que via apanhou do que não via.
Zé Gustavo e Roxinha da Bahia,
Nisso tudo aparece até o cão,
Na peleja do Diabo e Riachão
Foi Assu testemunha do cenário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.*

A maior expressão do menestrel
Não há força que atinja o seu alcance
O campônio conhece por romance
Ou então por folheto de papel.
Só  depois veio o nome de cordel,
Que em feira era exposto num cordão
Ou então numa lona pelo chão
E um poeta a cantar feito um canário.
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão. **

Registrando o passado e o presente,
Para tudo o cordel tem sempre espaço:
Pra amor; pra política, pra cangaço,
Romaria, promessa e penitente.
Retirante, romeiro, presidente,
Seca, fome, fartura, inundação,
Nele encontra o melhor documentário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.*

Dos cordéis elegeu-se o mais famoso,
Entre métrica, oração, rima e estilo
O segundo lugar é de João Grilo
E o primeiro o Pavão Misterioso,
A história de um pássaro formoso
Misturando o real com ficção.
O enredo imortal de uma paixão
Imprimiu-se no nosso imaginário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão. **

O cordel é valente e denuncia
O que esconde o poder que nos domina,
Conceição do Araguaia uma chacina
Que revolta, entristece e arrepia.
A tragédia em Canudos da Bahia,
O massacre no Sítio Caldeirão
Tem um rastro de morte e opressão
De um governo despótico e arbitrário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.*

O cordel atestou que Conselheiro
Ainda exige pesquisa e mais estudos
E que o santo profeta de Canudos
Quis salvar o Nordeste brasileiro.
Padre Cícero Romão em Juazeiro
Construiu um caminho do perdão,
O quarteto maior da salvação:
Penitência, jejum, fé e rosário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.**

Luminares da arte e da cultura,
O Cascudo e Ariano Suassuna.
Pedestais do saber; têm por tribuna
O cordel de onde emana a iluminura.
Toda saga de um povo se emoldura
Nas histórias da sua tradição,
Se encontra o registro da nação
Na memória do acervo literário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.*

No futuro, a famosa Academia
Brasileira de Letras, com seus mitos
Vai saber que nem só os eruditos
Têm direito a medalha e honraria.
Os que fazem cordel e cantoria
Fazem parte da lista da exclusão.
Sem diploma, troféu, sem medalhão,
Tem no mundo da ideia um santuário,
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão. **

O cordel continua sempre forte
Sem temer novidades nem impasse;
Como fênix, da cinza ele renasce,
Desmentindo os que pregam sua morte.
Por um lance de Deus, pra nossa sorte,
Do cordel temos nova geração,
Sepultando na cova da ilusão
Os profetas do seu obituário.
O cordel completou um centenário
Viajando nas asas do pavão.*

Geraldo Amâncio* e Sebastião da Silva**

Um comentário:

  1. Simplesmente fantástico. Dois mestres debulhando a história do cordel.

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