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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 10 de março de 2015

Largo da Paz » Músico Jessé de Paula morre atingido por trem do metrô

Artista ficou conhecido por tocar violino nas ruas, nos ônibus e no metrô


Jessé de Paula tinha 30 anos e tocava violino. Foto: Maria Eduarda Bione/Esp.DP/D.A Press.

O músico Jessé de Paula Silva, 30 anos, morreu, no início da tarde desta terça-feira (10), depois de ser atingido por um trem do metrô do Recife. O acidente aconteceu por volta das 13h40, na Estação Largo da Paz, nas imediações da Avenida Sul, bairro de Afogados.

Testemunhas e a assessoria de comunicação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)/ Metrorec informaram que o passageiro aguardava a composição além da faixa amarela, em local proibido.

De acordo com passageiros que também aguardavam o metrô na estação, o músico estava na plataforma no sentido Cajueiro Seco.



Uma das versões para o fato é de que Jessé estaria contando cédulas de dinheiro quando uma nota caiu. Quando ele se curvou para apanhar o dinheiro do chão, o metrô estava chegando à plataforma. À perícia, outros usuários do metrô disseram que Jessé estaria mexendo no aparelho celular e de costas para o trem.


"Ele estava sempre por aqui na estação, era conhecido do pessoal. Foi um susto, a movimentação era grande na hora", contou um ambulante.

A cabeça de Jessé teria atingido o retrovisor do trem e em seguida uma quina do veículo. Com a pancada, o músico teve uma lesão no pescoço e na face, falecendo na hora.

"A princípio, acreditamos que foi acidental, pelo local onde ele foi atingido. Com a força da batida, ele foi jogado novamente para a plataforma. Já solicitamos as imagens das câmeras para confirmar que não houve crime ou intenção de suicídio", afirmou o perito do Instituto de Criminalística (IC) Diego Costa.


A área foi isolada, e o corpo de Jessé foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área central do Recife. A CBTU ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. O caso será investigado pela Delegacia de Afogados.

Perfil

A história de Jessé de Paula já foi contada pelo Diario duas vezes: em 2009, no caderno Vida Urbana, e em 2012, na revista Aurora.

Confira o texto, de 2009, da repórter Ana Braga sobre Jessé:

O violino está para a música clássica assim como o ônibus está para a cidade. Ambos são necessários. O primeiro à arte e o outro, à rotina, ao vaivém da escola, da faculdade, do trabalho. Mas, e quando o instrumento de som requintado - considerado o comandante da orquestra - faz dueto com o motor barulhento do coletivo? E quando a viagem acontece com Carinhoso, Eu sei que vou te amar, Fascinação, frevos, baiões e sinfonias tocadas ao vivo? Essa tem sido a experiência de passageiros na Região Metropolitana do Recife. E os ônibus, único palco do violinista Jessé de Paula, de 24 anos, que se apresenta sonhando em gravar um disco e ter um violino elétrico. A remuneração do artista vem não só em moedas e cédulas miúdas, mas principalmente em respeito.

A matemática 

Ontem Jessé saiu para tocar nas linhas do Centro do Recife. Partiu da Avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro, em direção a Olinda. Passou por Bairro Novo, Casa Caiada, Jardim Atlântico, Rio Doce e chegou à cidade vizinha, Paulista. Nesse trajeto, subiu em dois ônibus. Pela apresentação recebeu R$ 11. Desses, usou R$ 5,60, para as duas passagens no Anel B - a mais cara da Região Metropolitana do Recife. Não sobrou muito. Aliás, nesse dia, sobrou nada para aproximar Jessé dos sonhos de anos do violinista. O custo médio de um violino elétrico é R$ 3 mil. Gravar um disco com pelo menos três das músicas regionais que ele fez, num estúdio barato do Recife, sai em torno de R$ 300. Para isso, precisa antes registrar as composições. Mais R$ 20 por cada pasta de partitura, segundo o instrumentista. 

Música é, antes de qualquer coisa, frações, compassos e cálculos, que arrumados de maneira harmônica, podem dar resultados agradáveis ao coração. Mas, no caso de Jessé, a matemática tem sido ingrata. O violinista chega a subir em dez ônibus, diariamente. Faz isso cinco ou seis vezes, por semana. Tenta escolher os horários de pico e assim tocar para mais gente. Com sorte, tira R$ 35, no dia que trabalha em dois turnos, como um operário da música. Só um jogo de quatro cordas de aço, que o instrumento precisa a cada mês, custa R$ 40. E são mais R$ 5 para a alimentação na rua. Sobra pouco, mas o ônibus, o palco é necessário para o violonista. "Todo artista tem que ir aonde o povo está", repete Jessé o verso da música de Milton Nascimento.

O palco

Jessé passa pela catraca. A apresentação inicia quando ele abre o estojo com o instrumento. São incomuns a presença do violino e seus sons dentro do ônibus. Da mesma forma são o calor extremo, a chuva, o suor do instrumentista sobre o delicado objeto de trabalho feito em madeira - que custa no mínimo R$ 350 na fábrica. Como numa verdadeira platéia de teatro, os passageiros tentam encontrar a música, às vezes abafada pelo motor barulhento do veículo. Difícil dar atençãoao show, enquanto a cabeça está na rotina, no trabalho, na volta para casa, na prova por fazer. Mas Jessé sabe como atrair. Toca de frevo a sinfonias. Entre as conhecidas de Capiba, Bach e Beethoven, também executa as suas composições. "São músicas de melodias e ritmos regionais, como o xaxado e o baião. As pessoas se identificam muito", conta Jessé. Tempo desses precisou "pegar de ouvido" um dos temas da novela A Favorita e um brega famoso. Foram pedidos do público.

"Eu vejo as pessoas comprando DVD e CD pirata por R$ 5 e R$ 3. Todo mundo gosta de entrenimento. Por que eu não poderia tocar nos ônibus ou na rua? Em Paris, a prefeitura faz concurso para os músicos tocarem nos metrôs. Além disso, eu vejo na televisão e na internet os artistas, famosos ou não, colocando seus trabalhos na rede, para serem copiados. Quem quiser contribuir, dá o que quiser", comenta Jessé. E é assim que ele se comporta no ônibus. Não pede. Apenas espera que o público, gostando da música, dê o que quiser e puder. "A maioria respeita. E isso já é maravilhoso. Só uma vez um senhor pediu ao motorista que parasse numa guarnição da PM e disse para eu descer. Eu desci, na boa. O que eu poderia falar para aquele senhor?", pondera o instrumentista. Já a aposentada Maria Helena, do final do ônibus, cantava o frevo de bloco Madeira do Rosarinho. "Eu também estudo música. E isso que esse rapaz faz é maravilhoso. Ele não tem que ter vergonha de nada", observa a espectadora, usuária da linha PE-15/ Pau Amarelo. Além dos clássicos, Jessé também toca no improviso, feito no repente e no rap, estilo que inspirou a banda da adolescência, a OcubmanREP (Pernambuco escrito ao contrário).

A ópera (ou o rap)

A história de menino de Jessé de Paula Silva poderia ser contada numa ópera ou num rap. Uma ópera daquelas que mistura drama feliz e triste. Um rap daqueles fortes, que fala de família, de sociedade desigual, de preconceito, de improviso. "Meu pai saiu de casa quando eu tinha seis meses de idade. Quem me criou foi a minha avó", conta o instrumentista, nascido no Hospital Tricentenário de Olinda. Para acompanhar Dona Josefa, Jessé participava das celebrações na Igreja Batista da cidade. "Naquele tempo, os regentes eram gringos. E eu fica na salinha de culto infantil, tentando aprender alguma coisa, inclusive música. Então, meus primeiros registros musicais foram nesse ambiente", lembra.

Jessé ganhou de uma tia uma bolsa de estudos no Conservatório de Música de Olinda, Cemo. "Era mais como uma terapia, porque eu era muito agitado, muito treloso, em função dos problemas em casa", fala o rapaz. Mas ele deveria dar um retorno, digamos assim. Tinha que tirar notas azuis, estar presente em todas as aulas e mostrar dedicação. "Aos sete anos eu tive o primeiro contato com a música. Foi com uma flauta doce. Aprendi com o professor Arthur Jonhson pelo método Suzuki, que é voltado para crianças. Aos nove, quando eu já tinha dominado a flauta, via aquela túia de instrumentos diferentes e queria aprender mais", fala o rapaz. E a tia lhe deu outra chance: um violino. 

"Eu chegava da rua e ia ao quarto estudar. Mesmo assim, meus avós se incomodavam com a altura do som. Minha mãe, por conta de um transtorno psicológico, às vezes ficava eufórica com a música. Aí, aos poucos eu fui ficando sem privacidade", conta Jessé. Os óculos, diz ele, usa para corrigir os 2,5 graus de hipermetropia. "De tanto eu ler à noite, usando somente a luz de vela, fiquei com esse problema", diz o instrumentista. Aos 17 anos, ele saiu da casa da avó. De lá para cá, morou sozinho, dividiu teto com amigos e companheira. "Agora, estou residindo numa espécie de pousada, no bairro de Santo Amaro". É um lar temporário, enquanto Jessé não chega mais perto dos sonhos.

Os sonhos

Jessé sonha muito. Sonha em gravar um CD com músicas dele. "Depois de um tempo estudando grande artistas, a gente pega o próprio jeito. E vai se identificando com um mundo de coisas. Mesmo tendo formação clássica, eu gosto muito dos ritmos da minha terra, como o xaxado e o baião. Uma das canções que fiz se chama Melodias Regionais. Eu toco ela no ônibus e as pessoas chegam a dançar", orgulha-se o instrumentista. O rock'n'roll também inspira Jessé e outro ideal dele. "Gosto de rock, mas preciso de um violino elétrico para tocar com mais potência. No dia que eu conseguir um, vou formar a banda que eu tanto sonho. Vou encontrar o meu canto, parar de viver como cigano", planeja. A banda será o canto, o meio de trabalho e, principalmente, a família de Jessé. Se ele vai também deixar o ônibus quando isso acontecer? "Irei tocar de vez em quando, para lembrar de quem me ajudou". 

Segurança - Por medida de segurança, na plataforma, os usuários do metrô devem aguardar o desembarque em fila, antes de embarcar no trem. Não é permitido ultrapassar a faixa amarela antes de o trem abrir as portas. Ao toque da campanhia, o usuário não deve mais entrar nem sair do trem. Também é preciso ter cuidado para não ficar preso nas portas ou cair no vão entre o trem e a plataforma. A via é eletrificada e pode causar acidentes fatais

Entre as normas de segurança do metrô, é proibido:

-Ultrapassar a faixa amarela, a não ser para embarcar e desembarcar;
-Pular as roletas ou entrar de maneira imprópria, mesmo que seu cartão eletrônico ou bilhete apresente algum defeito;
-Fumar, acender fósforos ou isqueiros em nossas dependências;
-Correr ou manifestar-se em altos brados em nossas dependências;
-Transportar objetos que tragam risco à segurança dos clientes ou que prejudiquem a operação;
-Viajar embriagado ou sob efeitos de tóxicos;
-Andar de patins, patinete ou skate em nossas dependências;
-Deslocar-se de um carro a outro pela porta interna, exceto em situações de emergência e guiadas por um Agente de Atendimento;
- Portar material inflamável, radioativo ou explosivo;
- Acionar ou usar indevidamente qualquer equipamento operacional;
- Impedir abertura ou fechamento das portas, bem como apoiar-se nelas.



Com informações da repórter Alice Souza
Diário de Pernambuco

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