Zélia Duncan celebra no palco parceria com Zeca Baleiro, em show que é apresentado amanhã em Fortaleza e deve virar novo disco e DVD
Você construiu a carreia - no início - à margem de gravadoras, também sem engajamento em movimentos. De certa forma, uma carreira bem individual e independente. Hoje, mesmo com um nome já consolidado, contando com o apoio de gravadoras e etc, muda muita coisa em relação à forma como você se organiza ou pensa sua carreia?
Na verdade, não. Esse meu jeito foi me afastando deles também, eu acho. E nunca pensei muito, sempre me foquei na música, no que eu queria dizer e como queria dizer. Sou assim até hoje, só sei trabalhar desse jeito.
Atualmente, você está com, pelo menos, três shows - essa parceria com Zeca Baleiro, TôTatiando e Tudo Esclarecido. Você se desdobra em diferentes projetos. É um sinal dos tempos - do atual panorama da música brasileira - ou é um sinal do seu tempo - do atual momento pelo qual passa a artista Zélia Duncan?
As duas coisas. Tenho me sentido cada vez melhor em vários formatos e aprendo sempre muitas coisas assim.
O fato de dois desses projetos serem dedicados a obras de outros compositores - de um momento e movimento específico, que foi a Vanguarda Paulista - tem relação com esse momento?
Não, um veio complementar o outro, sem grandes planejamentos, a não ser o meu desejo mesmo.
Há uma aproximação na maneira que você e Zeca trabalham, na pegada como artistas solos, que além de compor, são intérpretes por excelência e tem um repertório bastante eclético. Como tem sido esse convívio musical entre vocês e que afinidades existem de fato entre vocês?
Sim, a mais forte, você detectou perfeitamente. Nos sentimos muito à vontade, em muitos hábitats. Nossa convivência é tranquila, amiga e alegre. Nem imaginávamos como seria, se teria longevidade, etc. E temos passado lindos momentos nesses shows. A plateia se diverte com a gente e andamos muito inspirados, já fizemos 10 canções, que vão virar um disco de inéditas, diferente do DVD do show, que deve sair. Nosso compromisso é com o que nos estimula.
Você começou cedo, nos anos 1980, o que somaria mais de 30 anos de carreira. Do primeiro disco, são 25 anos. Nesse período, você não lançou nenhum disco de reverência a essa trajetória, como é comum artistas de longa estrada fazerem. É uma opção por não fazer, ou ainda não chegou o momento?
Meu disco de 30 anos foi "Pelo Sabor do Gesto Em Cena", acompanhado de ToTatiando e Tudo Esclarecido. Comemoro assim, com novidades, não gosto de ser nostálgica com minha carreira, ainda tenho muito que fazer e estou fazendo!
Fábio Marques
Repórter
Diário do Nordeste
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