Negrete estava em hotel no Guarujá. Ele deixa
um casal de filhos e uma neta
SÃO PAULO - O ex-baixista Renato Rocha
foi encontrado morto, na manhã deste domingo, em um quarto de hotel no Guarujá,
litoral de São Paulo. Negrete, como era conhecido, foi integrante da primeira
formação da banda Legião Urbana. Ele atuou nos três primeiros discos do grupo,
"Legião Urbana", "Dois" e "Que país é este", nos
anos 1980.
O delegado de plantão, Caio Azevedo de
Menezes, contou que o corpo foi descoberto por volta das 8h30m de domingo.
Renato estava no Guarujá acompanhado de uma amiga, que estranhou quando ele não
apareceu para tomar o café. Segundo o delegado, ela estranhou a demora, e foi
com profissionais do hotel ao quatro dele, que estava obstruída. A polícia
então foi chamada.
— Parece que foi morte natural. Não
havia no quarto sinais de arrombamento, nem de luta. Não há indícios de
violência nem marcas no corpo. Também não foram encontradas drogas ou bebidas —
disse o delegado. — Agora temos de aguardar o laudo. Em geral leva de 20 a 30
dias para ficar pronto mas acredito que em dois ou três dias já se tenha alguma
novidade. A amiga disse que ele era cardíaco, tomava remédios e também
antidepressivos.
Segundo Menezes, Renato estava em
tratamento em uma clínica em Cotia e, ao que tudo indica, tinha permissão para
sair. Negrete, que tinha 53 anos, deixa um casal de filhos e uma neta.
uma página dedicada a Negrete no
Facebook, mantida pela irmã dele e com quase três mil fãs, a família postou a
informação de que o baixista teve uma parada cardíaca.
“A polícia fez a vistoria e não tinha
sinais de violência nem drogas, foi ataque cardíaco e seu corpo está no IML
(Instituto Médico Legal do Guarujá), estamos aguardando mais informações”, diz
o comunicado no Facebook.
Também nas redes sociais, Giuliano
Manfredini, filho de Renato Russo, despediu-se de Negrete:
"Renato Rocha se foi de nós.
Recebo a notícia com profunda tristeza e, paradoxalmente, com a leveza de ter
podido estar ao seu lado nos últimos tempos, compreendendo-lhe e amparando o
grande amigo de meu pai.
Músico virtuoso, espírito de criança,
ser humano generoso e profundamente bom, foi um dos companheiros de Renato
Russo desde os primórdios da Legião Urbana.
Como dizia o mestre Guimarães Rosa, as
pessoas não morrem, elas ficam encantadas. Renato já pertence a história de
nossa música e viverá na melhor de nossas lembranças.
Vai com os Anjos, vai em Paz",
escreveu.
Em seu Instagram, o músico Dado
Villa-Lobos publicou uma foto de Renato Rocha no tempo da Legião Urbana.
"Fica a melhor lembrança,
encontrou a paz. E, há tempos, muita saudade".
TRAJETÓRIA CONTURBADA
O contrabaixista e compositor nasceu em
27 de maio de 1961 em São Cristóvão, no Rio. Nos anos 1970 foi morar em
Brasília, por ocasião da transferência do pai militar. Lá, Renato Rocha
conheceu André Pretórius, Renato Russo e Fê Lemos, jovens músicos que começavam
a enveredar pelo rock com a banda Aborto elétrico.
Sua primeira banda foi a Gestapo.
Depois, formou com o guitarrista Toninho Maia a banda Hosbond Kama. Em 1981
entrou para a banda Dents Kents. Em 1984, o amigo Marcelo Bonfá o chamou para
integrar a Legião Urbana, completando a formação que já contava com Renato
Russo e Dado Villa-Lobos. Na banda, compôs "Quase sem querer" (com
Renato Russo e Villa-Lobos) e "Daniel na cova dos leões" (com Russo).
Ficou na Legião até 1989.
Depois, Negrete integrou as bandas
Cartilage, Finis Africae e Solana star. Após anos, o músico, que também era
conhecido pelo apelido Billy, foi convidado a fazer uma participação no álbum
da Legião Urbana "Uma outra estação", de 1997, tocando contrabaixo na
faixa "Riding song".
Em 2012, ele foi encontrado morando nas
ruas do Rio. Envolvido com drogas, aceitou fazer um tratamento de reabilitação
numa clínica, com o apoio de familiares, amigos e fãs.
No concerto Renato Russo Sinfônico,
realizado em Brasília, em junho de 2013, Renato Rocha fez uma participação
especial tocando contrabaixo e cantando em "Que país é este". Também
participou da canção "Será", cantando com os outros convidados.
Ainda não há informações sobre local e
horário do velório e do enterro do músico.
O GLOBO
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