E mainha dizia ao me chamar:
Vem comer pro "cumê" não esfriar
Vem "timbora" engordar tua lombriga.
Eu saia sem medo de intriga
E entrava pulando uma janela
Dava um beijo em mainha, e o rosto dela
Era pura poesia de paixão
Completava a mistura do feijão
Com a graxa de carne na panela
Esta graxa serviu de tira gosto
Aumentando o gosto da comida
Que mesmo sendo tão pouca é dividida
Pra quem chegar na casa fazer posto.
Em mainha eu notava no seu rosto
Que apesar de faltar toda a mistura
Ela dava feijão com tal ternura
Que o arroz tinha gosto de rabada
E pra nunca deixar-me faltar nada
Ela dava um "taquim" de rapadura
Só o cheiro do almoço já me dava
uma fome cachorro da mulesta
Quando mão preparava arroz de festa
E a panela completa só de fava.
Quando o fogão de lenha precisava
De mais lenha a manter a chama acesa
Eu corra pro mato com certeza
De trazer toras secas pro fogão
E depois degustar com emoção
O almoço de mãe posto na mesa.
O almoço mais puro e sem besteira
Preparava com toda precisão
Tinha coentro, cebola e pimentão
Também alho, tomate e macaxeira.
A farofa mais pura e verdadeira
E o cheiro de carne na cozinha
Ela é minha mãe, minha rainha
Suas mãos já possuem vitamina
Pra que tanta comida rica e fina
Se não tem o tempero de mainha?
Renato Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário