Há homens que lutam um dia e são bons,
Há outros que lutam um ano e são melhores,
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida:
Estes são imprescindíveis" (Bertold Brech)
A perda do grande Ariano Suassuna, não deixa somente a literatura, a música, o teatro, o cinema, e outras artes de luto. Toda aldeia sertaneja ficou mais pobre e mais órfã com a partida de um homem que, por ser sertanejo, em toda sua existência, construiu um legado profundo sobre uma região, que apesar de cantada e decantada, ainda é mal compreendida pelos habitantes dos grandes centros urbanos do Brasil.
Por meio de uma linguagem poética, simples e sofisticada, Ariano tornou o sertão universal, sem precisar dos recursos que muitos acreditam ser necessários: trazer o de fora para universalizar o de dentro. Avesso às imposições da cultura modista, do estrangeiro (principalmente), ele foi um baluarte em prol do jeito de ser do povo sertanejo.
Igualmente o grande Elomar Figueira Melo, o Mestre Ariano, sempre proferiu em defesa da identidade sertaneja, mesmo sendo acusado por alguns preconceituosos de purista. Ora, os galegos lá de cima da linha do Equador, defendem e impõem a sua cultura pelos quatro cantos do mundo, detonando as raízes profundas dos povos, do chamado terceiro mundo, por que não, Mestre Ariano não defender nossa maneira de ser? Pois bem, nosso autêntico sertanejo, criou o movimento Armorial, como contraponto ao movimento Bossa Nova e Tropicália, ambos influenciados pela musica americana do norte.
O mais importante da obra e da pessoa de Ariano, foi o tratamento nobre que ele deu ao sertanejo, geralmente estereotipado pelos urbanoides. Na sua obra o homem do sertão é um sujeito inteligente, criativo, lúdico, corajoso, esperto, malandro, poeta, cantador, artesão, vaqueiro, agricultor, falante, destemido, improvisador e crente em Deus.
Todo corpo de valores ético, estético, religioso, moral e humano, do sertão, perpassa e se expressa de maneira poética na obra de Ariano. Esse Mestre, não foi um sertanólogo, que estudou e conceituou aspectos da cultura sertaneja. Ele foi um Autentico Homem do Sertão. Pois o seu mundo vivido, fenomenologicamente, foi revelado com verdade e beleza, pois cada som, cada movimento, cada cor do sertão, sempre estiveram na sua alma, no seu espirito, no seu corpo, em cada célula da sua existência corpórea - espiritual.
Fica aqui a saudade de um homem que com seriedade e compromisso, dedicou sua vida a cultura sertaneja, sempre de forma lúdica, poética e graciosa.
Gilmar Leite Ferreira
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Obrigado grande Giba, pela publicação do meu texto no seu grande blog. Abraços
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