Onde era mais forte a cor do dia
E diante da brisa delirante
Um sabiá cantava a melodia
Como flautas de orquestra, a natureza,
Demonstrava pra mim toda beleza
Desse mundo que Deus fez e nos deu
Caminhei pelos caminhos da vida
Fui seguindo na estrada colorida
Ao olhar cada rosa que nasceu
Descansei e olhei o belo rio
E a essência de manga com romã
Fez com que eu descesse a um baixio
Lá eu vi toda vida que é vida
Mas voltei à estrada colorida
Retomei todo o trajeto meu
E olhando a beleza do universo
Ia eu declamando sempre um verso
Ao olhar cada rosa que nasceu
Uma fonte de água mineral
Em outro pé frondoso eu descansei
Sentado em um terreno desigual
Vendo a grama verdinha, bem verdinha.
Pensei em construir uma casinha
Para ser o meu novo apogeu
Mas não quis acabar com a paisagem
Era como se fosse uma miragem
Quando eu vi cada rosa que nasceu
Da pureza, da inocência e da paz
Vez por outra fazia uma poesia
Outra vez eu ouvia os sabiás
Quando a noite chegou, eu vi a lua,
Prateando o caminho e toda nua
Começou a olhar pra o corpo meu
Fui dormir sob um teto de estrelas
E virei para o lado após eu vê-las
Pra olhar cada rosa que nasceu
Outra vez as orquestras tocam sambas
E eu saio cantando o meu repente
Levantando com minhas pernas bambas
Como um louco, num mundo esquecido,
Eu corri ao caminho colorido
E acabei a dor do peito meu
Tudo aquilo, era realidade.
Comecei a andar com mais vaidade
Olhando cada rosa que nasceu
Algum vulto, meu Deus o que será
Percebi que não estava sozinho
E tinha mais alguém pra acompanhar
Fui chegando mais perto com receio
E de vida o lugar estava cheio
Em segundos tudo aconteceu
Era uma mulher. Linda, tão linda
Que eu olhava ela e via ainda
O caminho de rosas que nasceu
Era eu igualzinho um sabiá
Nosso amor era puro e tão profundo
Que não tinha nada a se comparar
Eu vivia olhando para ela
Minha amada, minha deusa minha bela...
Meu pedaço de amor, meu outro eu...
Abraçado eu ficava o dia inteiro
Ao sentir sua essência igual o cheiro
Que eu sentia na rosa que nasceu
Ela foi-se na estrada colorida
O meu ser, nesse caminho ficou
E no peito abriu-se uma ferida
Não tem mais sabiá, não tem mais lua
Os meus pés já estão na carne crua
Por esperar de pé o vulto seu
Não estou mais num mundo realista
De olhar pra o caminho foi-se a vista
Nunca mais vi a rosa que nasceu
Desse sonho que um dia foi verdade
Uma alma no tempo abandonada
Uma vida forçada, sem vontade...
Eu queria de volta o meu caminho
Mas não posso, e por eu estar sozinho
Nem posso mais lembrar das velhas prosas
Eu não sei que coisas aconteceram
Mas por não ver as rosas que nasceram
Minha alma morreu junto das rosas.
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