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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

PUPILLO**BATERISTA DA BANDA NAÇÃO ZUMBI " > A maior homenagem ao 'Da Lama ao Caos' é um disco de inéditas"

Duas décadas depois de "Da Lama ao Caos" e após sete anos de recesso, Nação Zumbi lança mais um disco

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Pupilo, porque a Nação Zumbi demorou tanto para lançar um novo disco? Esse recesso de sete anos foi o maior entre álbuns.
nacao zumbiNa verdade, a gente estava lançando o DVD ("Ao vivo no Recife", de 2012) e ele deu uma atrasada em relação à estrutura, uma grana de edital, lá em Pernambuco. E aí a gente acabou optando por esperar o DVD ficar pronto... Na verdade, é um hiato de lançamento de músicas inéditas. De conteúdo, a gente lançou o DVD e o disco ao vivo. E aí, saímos em turnê com os projetos... Eu, Lúcio (Maia, guitarrista) e Dengue com Marisa Monte. Fizemos dois anos de turnê com ela. O Jorge foi lançar o "Afrobombas". A gente foi cuidar de outros projetos para dar uma arejada, mas já tínhamos deixado as bases do disco novo, para quando voltasse.
Vocês, então, já tinham deixado registradas algumas bases... Sentiram alguma cobrança dos fãs para que esse retorno acontecesse o quanto antes?
De uma forma saudável, desde que Chico morreu, a gente não parou, pelo menos de dois em dois anos estávamos lançando disco novo, entrando em turnê... Chega uma hora em que é importante dar um refresco. Isso também porque a gente tem um material gigantesco de jam sessions, que é o jeito que estamos acostumado a compor. Então, a gente estava meio tranquilo em relação a isso, a compor, produzir material novo. E aí a gente achou por bem dar essa parada e voltar renovado... Pegar mais referências para chegar ao disco novo.
Você mencionou agora que o grupo tem um grande acervo de jam sessions. Vocês pensam em, futuramente, lançar alguma coisa que sobrou desse material?
É um material que fica guardado pra gente ir revisitando. Em cada disco, você tenta um som. E aí tem bases que não têm muito a ver com esse momento e podem vir a ser utilizadas em outro. Depende muito do que a gente está querendo mostrar para o público. A gente junta o maior material possível, vai burilando e separa os que a gente acha que têm a ver com esse momento.
O que vocês poderiam dizer que seria a grande novidade do álbum? Um instrumento novo, alguma parceria que fez toda a diferença...?
Quanto à sonoridade, a gente sempre busca algo diferente. A gente vem com músicas que trabalham muito mais a melodia e a harmonia. A parceria com o Berna Ceppas e o Kassin, que são os produtores desse disco, é uma novidade. Já fazia tempo que a gente queria trabalhar com eles. E foi super importante a participação deles. O "Fome de tudo" (2007) é um disco que foca basicamente nos integrantes da banda, então não tem overdub, samples... Dessa vez, a gente abriu as portas para colaboradores, os de sempre e os novos.

Esse problema com o edital interferiu no processo de gravação?
Era uma incógnita em relação ao edital. A gente não estava pensando em esperar isso. Tanto que a gente gravou as bases antes. Caso não saísse o edital, a gente ia lançar independente. E, como sempre, a banda, de certa forma, utiliza da credibilidade que tem para reunir pessoas que a gente acha bacana e que acreditam no projeto. No final das contas, fomos contemplados com essa estrutura boa da Natura, consequentemente com um contrato com a Som Livre. Mas ter essa credibilidade com as pessoas é muito importante porque você coloca o projeto para andar. Ainda bem que deu resultado.
Quando vocês começaram a gravar essas bases?
Tem uns dois anos, dois anos e meio, antes de entrar em turnê com Marisa. E aí quando a gente retomou, resolver mexer, fazer um cronograma para o disco, a gente entrou em estúdio de novo, gravamos todas as bases no Rio, gravamos na fita de rolo, de duas polegadas, algo que a gente queria retomar. E eles deram toda a estrutura pra gente. E quando saiu o edital, a gente pode dar continuidade.
O álbum é bem multifacetado, cada música é bem diferente da outra. Existe alguma coisa que faz ligação entre essas músicas?
Vejo um frescor, uma Nação Zumbi renovada. Com essa parada, todo mundo foi trabalhar outros projetos e isso somou bastante. Na hora de entrar em estúdio com um companheiro de 20 anos de banda, a gente consegue diluir tudo que adquiriu lá fora e usar bem essas novas referências. Foi algo como "vamos brincar de novo no estúdio", ver o que encaixa melhor no perfil das músicas, nas letras de Jorge.
Em algumas letras, o grupo parece mais introspectivo e, às vezes, um pouco pessimista. Vocês parecem mais maduros como compositores... Concordam com isso?
Acho que a gente abordou outros estilos... Foi nisso que deu essa sensação de renovação: conseguir abordar novos temas e traduzir pra linguagem da banda. Tudo foi muito conversado, acordado e todo mundo achou que era o momento propício para abordar novos temas, inclusive o amor. Trabalhando a harmonia, cutucando Jorge para ele desenvolver mais esses temas. A Nação tem um pouco da fama de banda panfletária e a gente quis mudar... A gente também ama, né? (risos)
Você adiantou um pouco sobre a parceria com Marisa Monte. Como foi esse encontro?
Eu tinha gravado com ela nos dois discos, "Infinito particular" (2006) e "Universo ao meu redor" (2006). E depois disso a gente foi encontrando com ela nos shows, a gente sempre convidava a Marisa... Quando ela foi gravar esse último disco, ela pensou em chamar a "cozinha" da banda. E casou muito com essa época que a gente queria dar uma parada. Aí rolou ainda o convite de fazer turnê com ela. Tem um laço de amizade muito grande, a gente sempre se comunica. Foi uma forma também de retribuirmos toda a gentileza dela com a gente. E daí fizemos, em nossa concepção, uma ciranda, uma espécie de homenagem à dona Lia de Itamaracá, de quem ela é fã... Dar uma roupagem que coubesse, para não destoar também do disco, para que não ficasse uma participação aleatória. Em relação à música, do jeito que a gente mandou, ela achou linda, topou na hora, gravou no estúdio dela. Ficou tudo a cargo da gente e o legal foi isso.
O álbum também conta com participação da Laya Lopes, cantora cearense que é vocalista de "O Jardim das Horas". Já conhecia o trabalho dela ou alguém indicou?
Laya chegou a participar de uns shows do 3 na Massa (projeto paralelo de Pupillo, Dengue e Rica Amabis) e participou do disco. Quando pensamos em backing vocals nessas músicas, eu me lembrei do timbre dela. Funcionou bem pra caramba. É uma amiga querida, mora aqui em São Paulo como a gente e temos contato.
Como foi gravar com a filha de Chico Science, que foi o cara que junto com vocês começou essa história?
É uma alegria enorme ver que ela enveredou pro lado da música, ela chegou a estudar cinema, foi morar em São Paulo, ficou mais próxima da gente. Então, seguiu o curso natural das coisas, sabe? Canta superbonitinho. A gente olhava para a criatura que a gente conhecia desde pequenininha... É muito diferente.
Quando ela gravou com vocês, notaram alguma coisa do Chico, alguma característica que surpreenderam vocês?
Não sei... Acho que mais fisicamente, ela lembra muito o sorriso e o jeito moleque de ser, mas na música, não... E acho inclusive isso bacana porque ela está buscando o estilo dela. Como ela está sempre com Jorge, isso facilita na hora de se portar em algo que tenha a personalidade dela... A influência do pai, nossa, das outras coisas que ela gosta, tem que ajudar para ela formar um perfil próprio. Tem muito como uma pessoa da família. Ela é casada com Ramon, filho de Jorge. Tem um carinho e um laço muito forte. Ela estando perto da gente é uma alegria.
Com o disco lançado, vocês estão focando na turnê de divulgação ou vão tentar conciliar os outros projetos?
Não, agora é Nação, com toda satisfação que a gente teve com o resultado final do disco, volta a ser prioridade total da gente. Já começaram os ensaios. Tá tudo voltado para a banda. Afinal de contas, é por causa dela que a gente consegue fazer outras coisas e despertar interesse em outros projetos que a gente faz. É tudo por causa da Nação. O "Da Lama aos Caos", disco de estreia de vocês, na época com o nome Chico Science e Nação Zumbi, completou 20 anos em abril e é considerado ainda hoje um marco na música brasileira.
Vocês estão preparando algo especial para comemorar a data? Vale algum registro, um show temático?
A gente estava pensando em um show comemorativo, por aqui, em São Paulo, mas acho que a maior homenagem ao "Da Lama aos Caos" é lançar um disco de inéditas. É tão significativo pra gente quanto passar o ano só comemorando os 20 anos. É uma forma de brindar essa afinidade da banda desde Chico e reunir forças pra continuar a carreira e lançar tantos discos de músicas inéditas depois.
Em décimo disco, Nação Zumbi fala até de amor
Quando se fala em disco novo da Nação Zumbi, uma expectativa enorme é sempre gerada entre fãs, críticos e estudiosos da música. E toda essa expectativa, por vezes disfarçada de pressão, não é por acaso.
Crias do movimento Manguebeat, o grupo pernambucano revolucionou e repensou o jeito de se fazer música nos anos 1990, época em que o cenário artístico brasileiro sofria da falta de inspiração e de renovação. Não foi o único, claro, a despontar daquela leva de bandas vigorosas e visionárias, mas acabou se sobressaindo justamente pela capacidade de se autoreinventar a cada trabalho, seja com ou sem a aprovação de seus seguidores. E isso já tem mais de 20 anos.
Mais pop
Despreocupados com a indústria e compromissados apenas com a música, os caras ressurgiram agora após longo recesso de canções inéditas - o último álbum do gênero entregue foi "Fome de tudo" (2007). Entre as novidades de "Nação Zumbi" (Slap/Natura), o sexteto soa mais pop, apostando em melodias e harmonias, sem perder, sua característica "tonelada" de referências. O maracatu, a percussão e o rock se alinharam com programações eletrônicas, synths, entre outros elementos.
Estranho foi ouvir o vocalista Jorge du Peixe falando de amor, ainda que não seja "aquele" romântico - e talvez isso seja a grande novidade do disco.
Disco
Nação Zumbi
Nação Zumbi
Slap/Natura Musical
2014, 11 faixas
R$ 24,90

Juliana Colares
Diário do Nordeste

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